quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Planalto quer prefeito na base aliada, mas desvinculado de Serra

Marcelo de Moraes

Desde o fim de 2010, o governo federal tem mandado recados para o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), avisando que sua entrada num partido da base aliada, como o PMDB, seria recebida com entusiasmo. Tanto a presidente Dilma Rousseff como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabem que a adesão de Kassab traz para o lado do Palácio do Planalto a maior prefeitura do País.

Mais: consolida uma pré-candidatura competitiva para o governo de São Paulo, em 2014, capaz de interromper a hegemonia tucana no Estado, algo que nem a imensa popularidade de Lula foi capaz de fazer nos seus oito anos de mandato.

Mas o ponto central para que essa parceria se consolide está na relação que Kassab manterá com o tucano José Serra. Candidato do PSDB derrotado por Dilma na última eleição presidencial, Serra é o padrinho político de Kassab e seu aliado direto.

Dentro do governo federal, a decisão está tomada. Kassab será extremamente bem vindo e receberá todo o apoio desde que não faça o jogo de manter um pé em cada canoa.

Dilma espera ter o prefeito como aliado integral, incluindo numa eventual campanha por sua reeleição presidencial daqui a quatro anos.

Seria a primeira vez, desde a chegada de Lula ao poder, que o PT teria um candidato presidencial com um palanque muito forte no maior Estado do País e dono do maior colégio eleitoral.

O que o governo teme é que Kassab entre agora no PMDB, se alie ao governo federal, aproveite parcerias e programas oficiais, e em 2014 se alinhe com uma possível candidatura presidencial do amigo José Serra.

Como presidente licenciado do PMDB, o vice-presidente Michel Temer ficou responsável por consolidar a ponte de ligação entre Kassab e o governo federal.

Dilma quer que seu vice convença o prefeito de São Paulo a repetir seu gesto - de quando abriu mão do apoio nacional aos tucanos em troca de uma aliança estratégica com o PT.

Temer apoiou Serra na eleição presidencial de 2002 e ficou ao lado de Geraldo Alckmin em 2006. Nada que o impedisse de se tornar o candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Dilma em 2010. Para o Planalto, a parceria com Kassab tem que ser feita nos mesmos termos.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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