Agora é certo, Marina Silva deixará o PV -o partido que gosta do verde... e das verdinhas.
A data do desligamento está marcada para o próximo dia 6. Será o fim litigioso de um casamento breve e movido por interesses de ambos os lados. Para Marina, o PV foi um hospedeiro das suas pretensões presidenciais. Para o PV, Marina era um instrumento de alavancagem que poderia consolidá-lo como legenda de porte médio no país.
Passada a lua de mel eleitoral (ela também sujeita a mais tapas do que beijos), a disputa que se seguiu pelo controle dos rumos do partido levou à implosão do matrimônio.
Com 20 milhões de votos, Marina imaginou que poderia amoldar o PV ao seu projeto político. Acabou triturada pelos interesses pragmáticos ou fisiológicos da máquina presidida há mais de década pelo deputado José Luiz Penna.
Marina levará com ela outras lideranças verdes, mas quem tem mandato ou pretende disputar as eleições de 2012 pode adiar a decisão de acompanhá-la. A pergunta principal, porém, é: sem partido, Marina conseguirá reunir forças em torno de si para se viabilizar politicamente a partir de 2013 -aí, sim, fundando um novo partido?
A sua proposta de deixar temporariamente a política partidária para "mobilizar a sociedade" e "ganhar capilaridade" lembra um pouco as "Caravanas da Cidadania" de Lula -mas Lula, além da sua história, tinha o PT como alicerce.
Marina tem a seu favor uma biografia igualmente comprometida com os pobres, ancorada em valores e feita de superações, além da causa ambientalista, que entrou para ficar na agenda mundial.
Apesar desse currículo, ela não está livre do risco de embarcar numa viagem personalista. Marina às vezes parece movida pela crença de que pode aglutinar "os bons" e regenerar a política atuando por cima dos partidos. Sua figura progressista e de vanguarda tem algo de messiânico que a conecta com aspectos arcaicos da cultura brasileira.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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