quinta-feira, 28 de março de 2013

Posição de Lula sobre reforma é criticada

BRASÍLIA - A declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que doações privadas para campanhas eleitorais deveriam se tornar "crime inafiançável" foi alvo de críticas de políticos, promotores e ONGs. A tese de Lula não foi comprada nem pelo PT. O relator da atual proposta de reforma política em discussão, deputado Henrique Fontana (PT-RS), não prevê criminalização do financiamento privado."Não há coerência, parece-me que (ele) está fazendo o discurso do momento", disse o promotor eleitoral Edson Rezende, que faz parte do Comitê da Reforma Política do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral. O promotor se refere ao fato de o PT ter assumido, no processo do mensalão, que utilizou recursos de caixa 2 em campanhas.

O objetivo era escapar das denúncias de corrupção e desvio de dinheiro público. No julgamento, o Supremo Tribunal Federal não aceitou os argumentos dos réus petistas e os condenou por crimes como corrupção e formação de quadrilha. "De onde saiu a ideia de que o caso do mensalão teve a ver com financiamento eleitoral? Onde é que estão as evidências?", questiona Cláudio Weber Abramo, diretor executivo da ONG Transparência Brasil.

O projeto de reforma política do PT, pautado para votação na Câmara nos dias 9 e 10 de abril, prevê a implantação do financiamento público exclusivo de campanha. Pela proposta, a doação privada se torna uma irregularidade, mas não "crime inafiançável".

O líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO), disse que Lula não tem credencial para falar em reforma política porque não se empenhou para aprová-la durante seus oito anos de governo: "Ele prega uma coisa e faz outra. Ele está se beneficiando disso (financiamento privado), com todo esse patrocínio para viajar ao exterior. Agora vem posar de vestal", disse Caiado, referindo-se a viagens feitas pelo petista à àfrica, pagas por empreiteiras.

O líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), considerou a declaração de Lula um contrassenso e afirmou que as campanhas dele foram financiadas pelas empreiteiras que agora bancam suas viagens para o exterior: "Qualquer hora ele pode ser preso e não vai poder pagar fiança", disse o tucano.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

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