As dificuldades operacionais encontradas por Marina Silva para viabilizar a sua Rede Sustentabilidade demonstram duas coisas. Primeiro, a profunda falta de critérios e preparo de alguns cartórios eleitorais do Brasil quando se trata de validar assinaturas para a criação de um novo partido. Segundo, uma alta dose de incapacidade gerencial por parte das forças que dão sustentação à ex-senadora.
Todos podemos --e devemos-- reclamar da má qualidade dos serviços prestados pelos cartórios no interior do país. O que não podemos é nos surpreender com a realidade. O bom gestor tem de se antecipar aos problemas, e não apenas lamentar quando as coisas começam a dar errado.
Se, no Brasil, tudo é muito demorado e burocrático quando se trata de registrar uma nova legenda partidária, o que pode ser feito? Coletar muitas assinaturas com o máximo de antecedência possível.
O senso comum em Brasília é que Marina Silva pode acabar conseguindo registrar o seu partido, mesmo que seja com algumas pendências. Tudo ficará para a última hora, na primeira semana de outubro, quando faltará um ano para a eleição de 2014 --e é o prazo-limite para filiações. Essa precariedade talvez impeça a Rede de receber o número de adesões de políticos que imaginava.
Vencida essa etapa, Marina terá então de tentar cristalizar suas intenções de voto, hoje no patamar de 25%, um pouco mais, um pouco menos, a depender de quem serão os adversários. Pesa contra ela o preconceito geral do establishment. Há um catálogo de estereótipos sobre como seria o governo da ex-senadora. Por exemplo, o Brasil se transformaria no país mostrado no desenho animado "Os Simpsons", com uma bagunça generalizada nas ruas.
Desmontar essa intolerância ao novo é mais difícil do que criar uma legenda. A viabilidade eleitoral de Marina Silva depende mais disso do que da Rede Sustentabilidade.
Fonte: Folha de S. Paulo
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