Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo
A presidente Dilma Rousseff não mostra disposição de mudar a atual diretoria da Petrobrás, segundo auxiliares próximos. Dilma, que passou o dia de ontem no Rio, incumbiu o seu braço direito, ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para cuidar pessoalmente do acirramento da crise após as declarações da ex-gerente Venina Velosa da Fonseca. Ao final do dia, quando embarcou para Porto Alegre, onde passará o fim de semana, a presidente estava, segundo assessores, propensa a não alterar o comando da Petrobrás.
Toda a estratégia de comunicação sobre o caso Venina está concentrada na mão da própria presidente da Petrobrás, Graça Foster. Segundo informações que circulavam ontem no Palácio do Planalto, a cautela em dar uma resposta às denúncias se deve a especulações do mercado de que a ex-gerente executiva da Diretoria de Refino e Abastecimento da Petrobrás tem mais munição para disparar a qualquer momento.
No Planalto, há dois tipos de avaliação. A primeira vê as declarações de Venina como uma forma de atingir Dilma, que é amiga de Graça. A segunda dá conta de que o cerco contra a atual presidente da Petrobrás se fecha a cada dia e sua permanência no comando deixa a estatal fragilizada. Esse entendimento é compartilhado por setores do PT, que também consideram que é a hora de realizar uma mudança na diretoria da empresa.
Apesar dessa avaliação, a decisão de Dilma, por enquanto, é manter tudo como está. Um dos auxiliares da presidente disse que Venina já foi braço direito do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, preso na Operação Lava Jato. Dentro deste raciocínio, as suas acusações, na verdade, seriam um "mecanismo de defesa", já que, eventualmente, as investigações poderiam vir a se aproximar de sua atuação na estatal.
Outra preocupação atual do Planalto é com as declarações recentes do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que comprou a briga contra a atual direção da Petrobrás ao pedir a troca de comando na empresa, na terça-feira. O governo está entendendo que se trata de uma tentativa de Janot de "salvar a sua pele" e evitar ficar marcado como quem contemporizou em relação aos problemas da estatal.
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