Na
noite de terça, Eduardo Paes faltou a um debate na TV para ir ao aniversário da
Tia Surica. A matriarca da Portela é uma figura querida e merece as homenagens
pelos 80 anos. Mas a atitude do ex-prefeito indica que ele subiu alegremente no
salto alto.
Paes
tem motivos para estar confiante. De acordo com o Ibope, ele tem 30 pontos de vantagem sobre Marcelo Crivella. Se a eleição
terminasse agora, o ex-prefeito venceria por 53% a 23%. Em votos válidos, a
pesquisa sugere um massacre: 69% a 31%.
A
distância não se deve apenas ao carisma de Paes. Reprovado por sete entre dez
cariocas, o bispo virou presa fácil para qualquer oponente. Até o nanico Cyro
Garcia, eterno candidato do PSTU, seria favorito para vencê-lo no confronto
direto.
O
Rio vive uma eleição atípica, com pouca campanha de rua e quase nenhum debate
sobre a cidade. A pandemia abateu a população e aumentou o desinteresse pela
política. A abstenção chegou aos 32% e tende a bater novo recorde no dia 29.
Na
propaganda, Paes acenou com um retorno à normalidade após quatro anos de
abandono administrativo. A promessa de volta ao passado não empolgou. Ele
recebeu 974 mil votos no primeiro turno, menos de metade dos que obteve em
2012.
A
maldição do terceiro mandato, que já moeu a popularidade do ex-prefeito Cesar
Maia, é o menor dos perigos para o candidato do DEM. Se vencer, ele assumirá
uma cidade em condições muito piores do que já viu do alto do Piranhão.
O
desemprego aumentou, os turistas sumiram e milhares de negócios fecharam para
sempre. O Rio não sediará outra Olimpíada nas próximas décadas, e o futuro
prefeito não terá ajuda federal para furar túneis, implodir viadutos e
construir museus.
O coronavírus já matou quase 13 mil cariocas, o equivalente a toda a população de bairros como Humaitá ou Vidigal. Em entrevista a Lauro Jardim e Fernando Gabeira, Paes admitiu ontem que ainda não tem um plano concreto para conter a pandemia. Não deverá encontrá-lo na quadra da Portela.
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