Não
se viu nenhum grande portador de votos defendendo fortemente a Lava-Jato
Foi
como se o eleitorado chegasse para Bolsonaro, apontando a arma: “Perdeu
playboy, perdeu”.
A
Bolsonaro, só restou pedir: “Tá bom, mas não esculacha”.
Ele,
os filhos e os fiéis estão dizendo que nem se envolveram tanto nas campanhas (o
que é falso) e que o bolsonarismo permanece.
Só
que, e aqui já vai um esculacho, não existe bolsonarismo. A vitória do
presidente em 2018 foi um acidente histórico, uma mistura única de
circunstâncias.
A
população estava perplexa com as descobertas da Lava-Jato, que não apenas
apanhava episódios de corrupção, mas revelava um sistema de assalto ao Estado
(aos contribuintes) para financiar partidos e pessoas. Era a velha política,
alvo fácil.
O
governo Dilma jogara o país na maior recessão, estourando os gastos públicos e
conseguindo a proeza de ter juros e inflação nas alturas, ao mesmo tempo.
Com
Lula apanhado, a esquerda era outro alvo fácil. A esperteza de Bolsonaro — ou
de algum assessor de bom senso —foi trazer o liberalismo de Guedes (chega de
Estado gordo e ineficiente) e o Moro da Lava-Jato.
Como
as diversas variedades do centro estavam perdidas — o adversário está à direita
ou à esquerda — e mais a facada, que tirou o candidato dos debates que poderiam
derrubá-lo, deu Bolsonaro.
Passados
dois anos, os eleitores derrotaram Bolsonaro — porque perceberam o quanto era
fake, para dizer o mínimo —e fizeram o quê?
Derrotaram
a esquerda também. Verdade que surgiram três nomes novos (Boulos, Marília
Arraes e Manuela d’Ávila) em capitais importantes, mas, por enquanto, só no
segundo turno. E Boulos, o principal nome, saindo em desvantagem no maior
prêmio desta eleição.
De
certo, PT e PCdoB perderam prefeituras. O PSOL ganhou, mas de duas para quatro,
ou seja, nada, se não levar São Paulo —o que, de novo, é difícil.
Quem
ganhou, então? A velha política, os partidos do Centrão fisiológico e mais um
centro, digamos, mais programático (DEM, PSDB, que arrasou no Estado de São
Paulo, partes do MDB e outras agremiações).
A
Lava-Jato também perdeu. Não se viu nenhum grande portador de votos defendendo
fortemente a força-tarefa. Isso foi ruim. Deu mais espaço para o pessoal que
está tentando abafar a operação, grupo que inclui ministros do Judiciário,
parlamentares do Centrão e da esquerda (para livrar Lula) e a turma de
Bolsonaro (procurador Aras à frente).
Se
essa turma dominar a cena política, o retrocesso é certo.
Qual
a alternativa? Primeiro, uma nova esquerda, sem corruptos. Não custa lembrar
que o PSOL foi formado por parlamentares chocados quando ficou clara a
corrupção na campanha de Lula.
Se,
além de limpa, for uma esquerda mais inteligente e realista em política econômica,
melhor — mas aí talvez seja pedir demais.
Também
é preciso, para o bem do país, que prevaleça o centro programático, liberal na
economia, mas com programas sociais bem endereçados.
Temos,
portanto: a extrema-direita de Bolsonaro (que se aproxima de um final à moda de
Trump), o velho Centrão do “é dando que se recebe”, um Centro
liberal-progressista e uma nova esquerda.
FHC
costuma dizer que todo projeto político precisa de nomes. Pois bem, o que
temos?
Bolsonaro
por ele mesmo, claro.
Ciro
Gomes e Haddad de novo pela esquerda? Boulos, se vencer em São Paulo?
O
mineiro Kalil pelo Centrão?
E,
no lado centro mais ou menos progressista: Doria, ACM Neto, Rodrigo Maia,
Luciano Huck.
E
Moro, pelo Centro/Lava- Jato.
Claro,
há outros nomes e muitas combinações possíveis, incluindo a dobradinha PSDB/DEM
ou DEM/PSDB.
A
ver. Se triunfar o velho Centrão e o abafa da Lava-Jato, teremos retrocedido
muitos anos.
Será
que temos um Biden por aqui?
SUS
e Operadoras
O
Judiciário brasileiro tem dado várias decisões a favor do SUS, que quer cobrar
dos planos e operadoras de saúde quando atende clientes destes.
Está
errado. A Constituição diz claramente que saúde é direito do cidadão e dever do
Estado. Portanto, o SUS tem que atender todo brasileiro, rico ou pobre, tenha
ou não plano de saúde.
A decisão não tem sido jurídica, mas um quebra-galho para arranjar mais dinheiro para o SUS. E, assim, vão destruindo os serviços privados de saúde, tornando-os cada vez mais caros e mais elitistas.
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