A
investida contra o ambiente mudou de patamar
Em
abril de 2020, Salles, o ministro do zero ambiente, exortou a passagem da
boiada para derrubar regras e normas ambientais que dependiam apenas do
Executivo, já que era bem mais difícil mudar leis no Congresso. Quase um ano
depois, a conjuntura nunca esteve tão favorável para, agora sim, sob o comando
do centrão na Câmara, passar não apenas a boiada, mas também o
"correntão" e a motosserra.
O que vem por aí é um ataque sem precedentes às leis que há décadas tentam consolidar a proteção ambiental no Brasil. Projetos à espera de análise na Comissão de Meio Ambiente pretendem enfraquecer a lei da mata atlântica, a que criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, o Código Florestal e até a lei de Proteção à Fauna, de 1967.
O
"tratoraço"
inclui a liberação da caça de animais silvestres, projeto do ex-deputado Valdir
Colatto, hoje chefe do Serviço Florestal Brasileiro. Outras duas propostas
transferem a autorização de caça para estados e municípios. Entre os argumentos
para liberar a matança, acredite, está o aumento da "interação homem
natureza". Só pode ser deboche.
A
ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a do "boi bombeiro",
deixou projeto que autoriza a pecuária em áreas de reserva legal, que donos de
imóveis rurais têm que manter com vegetação nativa. Há proposições para acabar
com a lista de peixes ameaçados de extinção; tirar a proteção dos campos de
altitude, ecossistema associado à mata atlântica; e ainda extinguir zonas de amortecimento
no entorno de unidades de conservação.
A
pauta está nas mãos da notória Carla Zambelli (PSL-SP),
presidente da Comissão de Meio Ambiente, e de seu vice, Coronel Chrisóstomo
(PSL-RO). Reportagem de João Fellet na BBC Brasil mostra que Chrisóstomo tem
conexões com desmatadores em Rondônia. A investida contra o ambiente mudou de
patamar. Instituições precisam dar resposta condizente à agressão que pretende
transformar nossas florestas em clarões de fogo e montes de detritos.
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