Folha de S. Paulo
Ênfase é atacar república, fazer propaganda
fundamentalista e apoiar extrema direita
Donald Trump vai
impor imposto de importação
extra sobre produtos de Canadá e México, a partir de sábado, como prometeu?
"Talvez sim, talvez não", disse o presidente americano nesta quinta
(30). O motivo da punição imperial seriam imigrantes e fentanil.
Nada a ver estritamente com relações comerciais.
Trump ainda pode arruinar o que resta de ordem econômica mundial e dar tiros na própria testa dos EUA. Mas sua prioridade até agora tem sido a produção e exportação de ignorância escandalosa e apelos aos sentimentos mais baixos dos americanos e de hordas extremistas pelo mundo, como aqui no Brasil.
Trump não perde oportunidade de atacar
planos de preservação ou de reparação de direitos de minorias violentadas de
alguma maneira. Além de inflação, esse foi um tema principal da campanha. Mesmo
antes de Trump 2, nos EUA havia reação contra essas ideias e políticas, não
apenas na grande empresa (há montante de críticas até na esquerda, obviamente
em outros termos). Até onde vai esse programa ideológico e quais consequências
práticas? Seria apenas diversão inicial, até por fazer mais efeito, sem muito
trabalho?
Trump vai destroçar agências de governo
também por meio da caça a gente dada a progressismos? Em dois dias, agrediu a
Agência Federal de Aviação e o Banco Central. Quando o império começa a solapar
até suas burocracias funcionais e essenciais, a coisa parece mais perigosa.
Uma das políticas mais visíveis e incisivas
de Trump têm sido o programa de incentivo
à ignorância e de aterrorizar imigrantes pobres e funcionários
públicos, neste caso com objetivo de erradicar princípios republicanos. Nomeia
negacionistas da razão, ignorantes e lunáticos para vários postos de seu
ministério, além de acólitos que anunciam perseguição de servidores e cidadãos
recalcitrantes, como se fossem polícia política.
Promove a influência de Elon Musk, que
financia ou apoia de outra maneira a extrema direita pelo mundo e promete
montar comitês de difamação de políticos que contestem a propaganda disso que
se quer um novo regime ou o começo de uma "nova era". Quem sabe conte
com a ajuda de gangues armadas. Não
libertou os terroristas do Capitólio?
Houve um acidente horrível de avião. Trump
diz que a "diversidade" fez Agência Federal de Aviação contratar
pessoas com "deficiências intelectuais e psiquiátricas graves",
entre outros delírios. Ao lado dele, secretários [ministros] repetiam Trump e
diziam que fariam uma limpa em seus departamentos. "Se o Fed tivesse
gastado menos tempo em DEI [Diversidade, Equidade e Inclusão], em energia
‘verde’ e na falsa mudança climática, a inflação jamais teria sido um
problema", escreveu
Trump em post na sua rede social, na quarta, depois que o BC dos EUA manteve a
taxa básica de juros.
Na quarta, memorando do Departamento de
Administração de Pessoal, reforçou
a diretriz do decreto do dia 20, do dia da posse: é preciso eliminar a
"ideologia de gênero" em exigências de qualificação para empregos
públicos, em contratos do governo e em contas sociais (só existem dois sexos,
homem e mulher. Dizer o contrário é contra o "sistema americano").
Em um dos discursos do dia da posse, revisou
seu ranking de "palavras mais bonitas". Mas Deus, religião e amor
viriam antes de "tarifa".
É diversionismo? Ou o começo de um plano
fundamentalista profundo?
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