Uol
O patriotismo de Bolsonaro e seus devotos, já bem carcomido pela radioatividade do golpismo, passou a ser corroído também pela ferrugem trumpista. Formou-se na direita brasileira uma militância pró-Trump. O silêncio diante das tarifas que o imperialista laranja impôs aos metais importados do Brasil submete os membros dessa tribo ao risco de atrair uma antiga maledicência do ensaísta inglês Samuel Johnson (1709-1784): "O patriotismo é o último refúgio do canalha".
Carbono de Trump no Brasil, Bolsonaro fez da
submissão um objetivo de vida. "Acredito que o Trump gostaria que eu fosse
elegível", declarou às vésperas da posse do ídolo. "Tenho certeza de
que ele gostaria que eu viesse candidato" em 2026. O deputado Eduardo
Bolsonaro passou a dar mais expediente em Washington do que em
Brasília. Já não tinha pátria. As tarifas de Trump o deixaram sem discurso.
Entre todos os silêncios, o mais constrangedor é o de Tarcísio de Freitas. Quando Trump venceu a eleição, o governador de São Paulo correu às redes sociais para celebrar: "Grande dia", escreveu. Fez pose num vídeo com um boné da "América Grande de Novo". Informou o que esperava de Trump: "Uma economia mais forte, com menos impostos, uma outra visão acerca da América Latina, uma postura diferente em relação às disputas comerciais que podem virar oportunidades para nós se bem lidas e aproveitadas".
Deu tudo errado. Trump promete ampliar o leque de tarifas a partir de abril. Mais de um terço das exportações brasileiras para os Estados Unidos saem de São Paulo. Sabe-se que Tarcísio será candidato a alguma coisa em 2026. Falta definir o cargo. Caindo-lhe a ficha, perceberá em algum momento que precisará pedir votos no Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário