segunda-feira, 28 de abril de 2025

Brasil não é ‘problema’ para EUA e diálogo é o caminho, defende Alckmin

Valor Econômico

Para ele, tarifaço de Trump pode acelerar acordo Mercosul-UE

O vice-presidente Geraldo Alckmin dedicou ao cenário internacional boa parte de seu pronunciamento no Agrishow, uma das maiores feiras de tecnologia para a agropecuária do país, neste domingo (27), em Ribeirão Preto (SP). Em meio ao cenário de guerra comercial, Alckmin, que também é ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços, disse que o Brasil “não é um problema” para os Estados Unidos, já que o comércio bilateral é superavitário para o lado americano.

“E tem mais: dos dez produtos que eles mais exportam para nós, em oito eles não pagam imposto. O caminho é o diálogo. No olho no olho, o máximo que pode acontecer é todo mundo ficar cego. É diálogo e conquistar mercados.”

A declaração de Alckmin vem dias depois de o presidente americano, Donald Trump, ter afirmado que Brasil é um dos países que "sobrevivem" e "ficaram ricos" impondo tarifas sobre as importações americanas.

"Foi isso que a China fez com a gente [cobrar tarifas altas]. Eles nos cobram 100%. Se você olhar para a Índia - a Índia cobra de 100% a 150%. Se você olhar para o Brasil, se você olhar para muitos, muitos países, eles cobram - é assim que eles sobrevivem. É assim que eles ficaram ricos", disse o mandatário americano em entrevista à revista “Time” publicada na sexta-feira (25).

O vice-presidente tem sido um dos principais interlocutores no diálogo com o governo americano. Desde o início do ano, ele, o chanceler Mauro Vieira e diplomatas liderados pelo embaixador Maurício Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, têm realizado uma série de contatos com autoridades e técnicos do USTR (órgão responsável por coordenar o comércio exterior dos EUA), comandado por Jamieson Greer.

Antes do recuo de Trump, que colocou quase todos os países na faixa de tarifa de 10% - grupo que o Brasil já estava inicialmente -, essa interlocução com o governo dos EUA foi considerada um dos motivos para o país ter ficado entre as nações com alíquotas mais baixas.

O Brasil é um dos raros países com os quais os Estados Unidos têm superávit relevante - a balança comercial americana no geral é amplamente deficitária. No ano passado, os EUA tiveram vantagem na relação com o Brasil de US$ 7,4 bilhões, o nono maior entre seus parceiros comerciais.

Alckmin declarou na Agrishow ainda que a política tarifária adotada por Trump pode acelerar a finalização do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.

Ele evitou entrar no embate direto com os governadores Ronaldo Caiado (Goiás) e Romeu Zema (Minas Gerais), também presentes ao evento no interior paulista, procurando, de seu lado, defender a atuação do governo federal em relação a agro e a indústria.

“Quando o agro vai bem, ajuda a indústria. Quando a indústria vai bem, ajuda o agro”, disse, acrescentando que a política industrial anunciada pelo governo federal em 2024 - chamada de Nova Indústria Brasil - tem o agro como um dos setores prioritários, além do segmento de máquinas e equipamentos e biocombustíveis.

 

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