Valor Econômico
Para ele, tarifaço de Trump pode acelerar
acordo Mercosul-UE
O vice-presidente Geraldo Alckmin dedicou ao
cenário internacional boa parte de seu pronunciamento no Agrishow, uma das
maiores feiras de tecnologia para a agropecuária do país, neste domingo (27),
em Ribeirão Preto (SP). Em meio ao cenário de guerra comercial, Alckmin, que
também é ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços,
disse que o Brasil “não é um problema” para os Estados Unidos, já que o
comércio bilateral é superavitário para o lado americano.
“E tem mais: dos dez produtos que eles mais exportam para nós, em oito eles não pagam imposto. O caminho é o diálogo. No olho no olho, o máximo que pode acontecer é todo mundo ficar cego. É diálogo e conquistar mercados.”
A declaração de Alckmin vem dias depois de o
presidente americano, Donald Trump, ter afirmado que Brasil é um dos países que
"sobrevivem" e "ficaram ricos" impondo tarifas sobre as
importações americanas.
"Foi isso que a China fez com a gente
[cobrar tarifas altas]. Eles nos cobram 100%. Se você olhar para a Índia - a
Índia cobra de 100% a 150%. Se você olhar para o Brasil, se você olhar para
muitos, muitos países, eles cobram - é assim que eles sobrevivem. É assim que
eles ficaram ricos", disse o mandatário americano em entrevista à revista
“Time” publicada na sexta-feira (25).
O vice-presidente tem sido um dos principais
interlocutores no diálogo com o governo americano. Desde o início do ano, ele,
o chanceler Mauro Vieira e diplomatas liderados pelo embaixador Maurício Lyrio,
secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, têm realizado uma
série de contatos com autoridades e técnicos do USTR (órgão responsável por
coordenar o comércio exterior dos EUA), comandado por Jamieson Greer.
Antes do recuo de Trump, que colocou quase
todos os países na faixa de tarifa de 10% - grupo que o Brasil já estava
inicialmente -, essa interlocução com o governo dos EUA foi considerada um dos
motivos para o país ter ficado entre as nações com alíquotas mais baixas.
O Brasil é um dos raros países com os quais
os Estados Unidos têm superávit relevante - a balança comercial americana no
geral é amplamente deficitária. No ano passado, os EUA tiveram vantagem na
relação com o Brasil de US$ 7,4 bilhões, o nono maior entre seus parceiros
comerciais.
Alckmin declarou na Agrishow ainda que a
política tarifária adotada por Trump pode acelerar a finalização do acordo
comercial entre Mercosul e União Europeia.
Ele evitou entrar no embate direto com os
governadores Ronaldo Caiado (Goiás) e Romeu Zema (Minas Gerais), também
presentes ao evento no interior paulista, procurando, de seu lado, defender a
atuação do governo federal em relação a agro e a indústria.
“Quando o agro vai bem, ajuda a indústria.
Quando a indústria vai bem, ajuda o agro”, disse, acrescentando que a política
industrial anunciada pelo governo federal em 2024 - chamada de Nova Indústria
Brasil - tem o agro como um dos setores prioritários, além do segmento de
máquinas e equipamentos e biocombustíveis.
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