Folha de S. Paulo
Alguns ministros o presidente frita, outros
cozinha e há os que segura por incúria ou inércia
A retirada de Carlos Lupi (PDT)
da cena da roubalheira no INSS deu-se
nove dias depois de estourar o escândalo.
Nesse meio-tempo, o então ministro da Previdência
Social protagonizou um teatro de explicações desastrosas e ainda
assim teve
o benefício de sair a pedido.
A pedido dos fatos, é verdade, mas em respeito a eles o presidente da República poderia ter feito um favor a si e ao seu governo tomando a iniciativa de demiti-lo após a entrevista em que Lupi defendia a honra dos executivos afastados pela Justiça enquanto seus colegas de mesa, dois ministros e o diretor da Polícia Federal, o desmentiam reiteradamente.
Luiz Inácio da Silva (PT), contudo, optou por
perder essa oportunidade. Talvez na esperança de que tudo se ajeitasse ao sabor
do tempo e da velocidade com que os episódios se alternam constrangendo ora a
oposição, ora o governo. Este mais amiúde.
A realidade das carências —de popularidade,
de base parlamentar e de eficácia governamental— impõe ao presidente situações
adversas. Decorre daí, entre outras, a dificuldade em demitir ministros. Não
todos.
Alguns ele frita, outros cozinha e há os
que Lula segura
para não piorar as coisas no Congresso.
Os parlamentares que se posicionam contrários a pautas do governo sabem que não
há risco de retaliação. Emendas são garantidas e cadeiras no primeiro escalão
já foram mais valiosas.
Ministros do PSD, do Republicanos, do PP, do
União e do MDB se sentem seguros. Ainda que não entreguem todos os votos dos
respectivos partidos, dão um quinhão do qual o governo não pode prescindir.
Juscelino
Filho (União) era alvo de suspeitas fortes desde o início, mas só saiu
a toque de denúncia do Ministério Público e com Lula tendo de aceitar a
imposição de um substituto do mesmo partido. No lugar de Lupi fica um
ex-deputado do PDT, o segundo na pasta da Previdência, parceiro na omissão do
titular.
Nessa toada, 2025 vem sendo o ano
da colheita prometida pelo presidente que, no entanto, só vem colhendo
tempestades
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