O Estado de S. Paulo
O União Brasil não é partido político.
Tampouco agremiação rachada – o que pressuporia haver estado unida. Nunca
esteve. Fragmentação que os seus operam, tanto para vender terrenos na lua
quanto para tirar o corpo fora quando ante a impossibilidade de entregar os
lotes.
Trata-se de uma confederação de
oportunismos-patrimonialismos, cujos grupos se articulam e cooperam – disputam
e se afastam – em função de interesses específicos eventuais. Dinâmica que
constitui a própria negação do minimamente necessário à composição de base de
apoio parlamentar.
Abrigo formal a projetos os mais díspares, o pulverizado União Brasil não tem corpo para garantir suporte a governo. Estando no governo, porém, não abrirá mão do espaço. Na hora de deliberação importante, tenha um ou dez ministérios, negociará caso a caso e votará conforme a oferta de emendas na ocasião.
Quando se dá ministério ao União Brasil, não
se lhe dá – e sim a uma de suas federações. Quando o União Brasil não vota com
o governo e é cobrado, a razão será porque a pasta fora dada a um de seus
grupos. Apelase à natureza fracionada da cousa. Quando o Planalto especula
sobre tirar o ministério da federação aquinhoada, aí vem a ordem para reunir –
e a cadeira será do União Brasil, de súbito se reivindicando como conjunto.
A de Alcolumbre é a maior dessas federações.
Grande a ponto de ser maior que o União Brasil e usá-lo como escada. A sucessão
no Ministério das Comunicações explica. A questão sempre fora apenas escolher
qual seria o juscelino substituto. Escolha de Alcolumbre, que tentaria se
alargar à custa do Planalto.
Em sociedade com Antonio Rueda, presidente da
confederação, o primeiro nome lançado foi o de Pedro Lucas Fernandes, líder do
União Brasil na Câmara. Lula comprou. O projeto do presidente do Senado era
manter o controle sobre as Comunicações por meio do novo juscelino e colocar o
denunciado filho, o juscelino demitido, na liderança do bicho – com o que
ampliaria presença na Câmara.
Federações menores, algumas de oposição,
sacaram a jogada e reagiram, ameaçando tomar o lugar, donde haver Fernandes
decidido ficar. Ele e Rueda sairiam da troca com menos força. O posto que era
de Elmar Nascimento controla muito mais dinheiro em orçamento secreto do que o
Ministério das Comunicações tem para investir, depois do arranjo informal que
criou, parasitando as emendas de comissão, a emenda de líder partidário.
Vexame para o governo e, ainda assim, bola
com Alcolumbre. Que então concebeu um juscelino ao mesmo tempo não filiado ao
União Brasil e avalizado pelo União Brasil; como Waldez Góes, ministro da
Codevasf, que, representante da federação alcolúmbrica, será do União Brasil a
depender da circunstância. O União Brasil como fachada ao exercício de um dos
maiores poderes da República pós-ditadura.
O governo Lula não precisa do União Brasil.
Depende de Alcolumbre. •
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