Um dia depois de o STF o condenar por formação de quadrilha, ele reafirma
inocência e diz que não se sente condenado
No dia seguinte à condenação pelo crime de formação de quadrilha pelo
Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente do PT José Genoino reafirmou sua
inocência e classificou como injusta uma condenação, segundo ele, política.
Em entrevista à rádio Estadão ESPN ontem, o petista disse ter sido condenado
sem provas. "Não me sinto condenado porque sou inocente. Essa condenação
política não me atinge", defendeu-se.
Na acusação apresentada ao STF, o Ministério Público defendeu que José
Genoino participou do esquema de compra de apoio político durante o primeiro
mandato do governo Lula.
A acusação foi fundamentada com base nas assinaturas de Genoino em contratos
de empréstimos, assumidos, para a promotoria, de forma fraudulenta e que
garantiam os recursos para compra de votos. Para o relator do processo,
ministro Joaquim Barbosa, o petista atuava como "interlocutor político do
grupo criminoso".
"Esse julgamento não apresentou provas concretas. Foi feito na base do
indício, da dedução, do domínio do fato, que são teses que têm um viés
autoritário", rebateu Genoino.
Legitimidade. O petista afirma que assinou os empréstimos por ter sido
presidente do PT no período e que as transações financeiras, destinadas ao
próprio partido, eram legítimas. "Não houve compra de votos, não houve
compra de deputados. Houve debate político e franco." Ao comentar o
julgamento, Genoino defende que o processo foi "politizado" e voltou
a criticar o que define como criminalização da política. "Eu fiz alianças,
fiz acordos, participei de debates. Isso é da natureza política. Não existe
política sem negociação. O STF não pode querer ser uma espécie de poder
moderador", considerou.
STF começou a definir ontem as penas dos envolvidos com o esquema do
mensalão. O petista foi condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha -
igual condenação do ex-ministro José Dirceu e do ex-tesoureiro do PT Delúbio
Soares. A pena prevista para cada um dos crimes varia de 2 a 12 anos.
"Serei obrigado a cumprir, democraticamente, as decisões do STF. Mas
vou discuti-las a cada hora, a cada dia, a cada momento", afirmou Genoino,
que adiantou que vai recorrer da decisão do Supremo.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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