Em Duque de Caxias, candidato do partido diz que PSB é ‘partido da
boquinha’
Cássio Bruno, Luiz Gustavo Schmitt, Renato Onofre
RIO - O
governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e seu partido, o PSB, viraram alvo do
PMDB na última parte da visita do vice-presidente Michel Temer ao Rio nesta
terça-feira, para fortalecer campanhas de peemedebistas que estão no segundo
turno. Em Duque de Caxias, no último evento do dia, o vice-presidente viu seu
candidato à prefeitura da cidade, Washington Reis (PMDB), afirmar que o PSB “é
o partido da boquinha”.
- O PSB é o
partido da boquinha. Esse governador (Eduardo Campos) quis tirar os royalties do
Rio de Janeiro. No dia 29 (um dia depois do segundo turno), o PSB tem já tem
uma agenda. É a agenda da traição. Eles já estão namorando os tucanos contra a
reeleição da presidente Dilma - discursou Reis, ao lado do governador do Rio,
Sérgio Cabral.
Eduardo Campos
está no Rio e participa nesta terça-feira, em Petrópolis, da campanha de Rubens
Bomtempo (PSB). Temer já esteve no município esta tarde, pedindo votos para
Bernardo Rossi (PMDB), adversário de Bomtempo.
No palanque em
Duque de Caxias, Cabral e Temer reafirmaram a parceria da presidente Dilma
Rousseff no Rio. A presidente, no entanto, pede voto com o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva para Alexandre Cardoso (PSB), adversário de Washington
Reis. Antes de se candidatar a prefeito, Cardoso era secretário de Ciência e
Tecnologia de Cabral e, ao sair, indicou o seu sucessor na pasta.
Temer diz que
não vai mais falar sobre polêmica com grupo de Cabral
Temer veio ao
Rio após mal-estar
criado no PMDB, quando o prefeito Eduardo Paes
lançou o nome do governador do Rio, Sérgio Cabral, para vice na chapa da
presidente Dilma Rousseff. Antes de ir a
Duque de Caxias, ele foi a Volta Redonda, Petrópolis e Nova Iguaçu, onde
disputam Antônio Francisco Neto, Bernardo Rossi e Nelson Bornier,
respectivamente. Ele almoçou no Palácio da Cidade com Cabral, Paes, Pezão, o
presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp, e o presidente estadual do partido,
Jorge Picciani.
Após o almoço,
o vice-presidente afirmou que não há arestas para aparar no partido e que a
relação não azedou entre ele e seus correligionários fluminenses.
— Não ficaram
arestas, aliás não vamos mais falar sobre assunto (a polêmica). O almoço foi
muito saudável, de boa qualidade, compatível com o Palácio da Cidade (sede da
prefeitura do Rio) - disse Temer, no Palácio da Cidade.
Ao subir no
palanque, hoje, no Rio, Temer pediu votos contra aliados da base de sustentação
do governo federal como o PR, em Volta Redonda, e o PSB, em Petrópolis e Duque
de Caxias. O vice-presidente fez questão de deixar claro que a disputa
municipal não vai alterar as relações partidárias na esfera nacional:
— Nós já
combinamos que as disputas locais não vão contaminar as nacionais. Nem agora e
nem para 2014. Isso está combinadíssimo entre o PMDB, PT, todos os partidos da
base e, especialmente, com a presidente Dilma.
Caminhada-relâmpago
em Petrópolis
Em Petrópolis,
Temer fez uma visita-relâmpago para declarar seu apoio ao candidato Bernardo
Rossi. O vice fez uma caminhada por cerca de 20 minutos na Rua Teresa, no
centro comercial de Petrópolis. Ao lado dos peemedebistas estava também o
prefeito Paulo Mustrangi (PT), que ficou fora da disputa no segundo turno após
o Tribunal Superior Eleitoral deferir o registro de candidatura de Rubens
Bomtempo, apoiado pelo governador de Pernambuco, que gravou para o programa
eleitoral na TV do aliado e, de surpresa, marcou agenda nesta tarde na cidade
serrana.
Para Temer,
sua participação na campanha de Petrópolis reflete a aliança nacional PT-PMDB,
numa referência indireta à presença de Campos no município.
— Quero
lembrar que o que existe aqui hoje é a parceria que teve êxito na esfera
federal, entre o PT e o PMDB — disse Temer em Petrópolis.
Questionado se
a movimentação do governador pernambucano pode rachar a base aliada, Temer
desconversou:
— Trabalhamos
com hipótese de manter a mesma base aliada. Pelo menos a ideia é essa. Se
alguém se desligar da base será por conta própria. Acho que, com o governador
Eduardo Campos, vamos trabalhar juntos em 2014.
Enquanto
Temer, Cabral e Paes caminhavam à frente, posando para fotos e cumprimentando
eleitores, Pezão caminhava em meio aos pedestres, sem o assédio dos eleitores.
Segundo Raupp,
a presença dos caciques do PMDB nacional no Rio é a demonstração de que o
desgaste interno está superado. Raupp disse entender que Cabral quis
reivindicar espaço no partido, mas acredita que 2014 ainda não é o momento para
que o governador almeje a Presidência.
Em Nova
Iguaçu, Cabral faz promessas em caso de vitória do aliado
Em Nova
Iguaçu, Temer fez campanha para Nelson Bornier ao lado do deputado federal
Eduardo Cunha (PMDB), Cabral e de outros dirigentes do partido. Paes já não
estava presente nesta parte da agenda, mas participou em Volta Redonda e
Petrópolis. O vice-presidente participou de uma caminhada e um comício e pediu
votos para o adversário da presidente Dilma e do ex-presidente Lula, que apoiam
a atual prefeita Sheila Gama (PDT), candidata à reeleição. Na caminhada que
durou apenas dez minutos, o vice-presidente ficou cercado de seguranças e o
eleitor não pôde se aproximar dele. Em seu discurso de três minutos, Temer
destacou a união entre os governo federal e estadual e prometeu, ao lado do
governador Sérgio Cabral repassar recursos para Bornier.
— Faço isso
aqui com prazer. Bornier e eu fomos colegas no Congresso. Sei que ele é capaz
e, com nossa ajuda, fará grandes obras em Nova Iguaçu — disse.
Cabral, por
sua vez, prometeu, caso o peemedebista seja eleito, fazer uma série de obras de
infraestrutura na cidade, como a construção de um novo hospital, a implantação
de um BRT ligando o município ao Rio e a instalação de uma Unidade de Polícia
Pacificadora (UPP).
— Você,
Bornier, sentiu a violência na pele. Sua equipe passou por um grande
constrangimento - afirmou Cabral, lembrando o episódio ocorrido com Bornier
durante sua campanha no primeiro turno, quando a equipe do
peemedebista foi agredida por traficantes da comunidade Conjunto da Marinha.
Bornier usou
parte de seu discurso para elogiar Pezão, pré-candidato ao governo do Rio em
2014. O candidato do PMDB apresentou Pezão como um “grande tocador de obras do
Cabral”.
— Eu quero
estar neste bloco. Sei que você, Cabral, vai meter a caneta e o Pezão fará
obras aqui. E sei também que terei as portas abertas no governo federal com o
Michel Temer — disse Bornier.
No final do
comício ficou pelo menos meia hora dentro do helicóptero aguardando que a forte
chuva que caiu em Nova Iguaçu diminuísse, para poder embarcar para Duque de
Caxias.
Fonte: O Globo
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