Haddad diz que não acabará com convênios com organizações sociais na Saúde
SÃO PAULO - Em nova ofensiva contra o adversário Fernando Haddad (PT) no
caso das parcerias da prefeitura com organizações sociais (OS), o candidato do
PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, disse ontem que o PT é contrário à
medida porque quer "empregar companheiros" na administração
municipal. A gestão de hospitais públicos por entidades filantrópicas tem sido,
desde a semana passada, tema de confronto entre os dois candidatos. Serra está
17 pontos atrás de Haddad, segundo o Datafolha.
Serra intensificou ontem a artilharia e acusou os petistas de serem
contrários também às parcerias que a prefeitura tem na área das creches.
- Vamos reforçar as parcerias em torno das creches conveniadas, que o PT, há
pouco mais de um ano, apresentou uma proposta no Conselho Municipal para
extinguir as creches conveniadas. Eles ameaçam não apenas as parcerias na Saúde
como também em relação às creches. Por quê? Porque têm que empregar os
companheiros - afirmou o tucano, ao cumprir uma agenda extensa de atividades em
uma rua na região mais populosa da cidade, a Zona Leste.
Serra acusou o coordenador-geral da campanha de Haddad, vereador Antonio
Donato (PT), de encabeçar uma "batalha" contra as creches
conveniadas. Ao se referir a Donato, o tucano chamou-o de "sujeito enrolado"
com processos. Em um discurso feito de improviso na calçada de uma rua
comercial na Penha, Zona Leste, Serra pediu aos comerciantes que buscassem
convencer eleitores indecisos e usou o mensalão como argumento.
Haddad rebateu o adversário e disse que, se eleito, os contratos em vigor na
Saúde com as OSs serão mantidos. O petista lembrou que várias prefeituras do PT
mantêm as parcerias com as entidades sociais, mas afirmou que não vai adotar o
modelo para os futuros hospitais.
Serra mostrou anteontem no horário eleitoral um vídeo em que Haddad aparece
defendendo a administração dos hospitais pela prefeitura. Segundo o candidato
do PT, ele referia-se apenas aos novos hospitais que forem construídos.
-Esse processo que está em curso não será válido para os novos hospitais. Eu
sempre disse que manterei os atuais contratos e, no caso dos novos hospitais,
eu manteria sob regime público - afirmou o petista, após comício na Zona Norte.
Em novos ataques, Haddad acusou o adversário do PSDB de colocar os
interesses pessoais "acima de tudo" e criticou as atuais gestões nas
áreas da Saúde e Educação. Segundo ele, se precisar abandonar novamente a
prefeitura de São Paulo, José Serra o fará. Em 2005, o candidato do PSDB deixou
a prefeitura para concorrer ao governo paulista.
- Eles foram eleitos com a bandeira da Saúde, mas é a área que está pior em
São Paulo. E a qualidade do ensino está caindo cada vez mais - criticou.
Serra e Haddad se enfrentarão em dois debates na TV até sexta-feira. Hoje,
às 18 horas, o confronto acontecerá no SBT. Na sexta, a TV Globo realiza o
último encontro entre os candidatos em São Paulo.
Ambos deverão usar a mesma estratégia adotada no debate promovido pela TV
Bandeirantes. Haddad deverá propor novamente a Serra um pacto para evitar
ataques pessoais e se prepara para responder a questões sobre a condenação do
ex-ministro José Dirceu no caso do mensalão. Serra vai insistir no discurso de
que é o mais preparado para comandar a cidade e explorar a posição do PT contra
as OS.
Fonte:
O Globo
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