O Congresso ultrapassou todos os limites com a indicação e eleição do deputado federal e pastor Marco Feliciano para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (atenção ao "minorias") da Câmara. A gente acha que já viu tudo, mas...
Essa história tem um enredo. O PT controla tradicionalmente a comissão, até porque o tema tem muito a ver com a história do partido, mas optou dessa vez por três comissões mais retumbantes. Junto com o PMDB, jogou a de Direitos Humanos no colo de aliados. E justamente no do Partido Social Cristão (PSC).
Boa coisa não ia dar, mas, como tudo que é ruim sempre pode piorar (diferentemente da máxima do também deputado Tiririca), a bancada do PSC indicou e a comissão elegeu o pastor Feliciano, que está no primeiro mandato, que se diz formado em teologia, com mestrado em teologia e doutorado em divindade, e que deixou um rastro racista e homofóbico nas redes sociais.
Pelo Twitter, tascou que "africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé" e que "a podridão dos sentimentos dos homoafetivos leva ao ódio, ao crime, à rejeição". Por mais que explique, não justifica.
Pensar e acreditar em coisas assim já é um absurdo inacreditável, além de inaceitável, mas escrever e divulgar isso é um verdadeiro escândalo. Mais absurdo, mais inacreditável, mais inaceitável e mais escandaloso ainda é o sujeito pensar, escrever e acabar presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
Câmara e Senado, aliás, estão virando um zoológico de raposas tomando conta de galinheiros. Processados têm assento nos Conselhos de Ética, produtores rurais presidem as Comissões de Meio Ambiente e condenados pelo Supremo integram as de Constituição e Justiça.
Mas, enfim, depois que um senador renuncia à presidência do Senado, volta e é eleito novamente para o cargo, o que mais se poderia esperar?
Fonte: Folha de S. Paulo
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