Governadores pediriam interferência contra candidaturas do PT
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff até planejou ir ao jantar de ontem com os governadores, ministros e líderes do PMDB, no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente Michel Temer. Essa expectativa foi alimentada até o meio da tarde, mas ela acabou desistindo, para evitar pelo menos dois constrangimentos: o de ter que encarar o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) menos de uma semana após a crise na votação da MP dos Portos, e o de ter que ouvir os governadores, principalmente Sérgio Cabral, pedindo para que o PT abra de mão de candidaturas estaduais em prol da aliança nacional.
Oficialmente, a justificativa dada a Michel Temer foi que a família da presidente estava em Brasília e ela queria ficar em casa para aproveitar a visita. Mas, nos bastidores, interlocutores da presidente afirmam que ela queria mesmo evitar uma saia-justa.
O governador Sérgio Cabral, seu vice Luiz Fernando Pezão e o prefeito Eduardo Paes confirmaram presença no jantar, e pretendiam fortalecer a posição do partido em defesa da candidatura do vice-governador na eleição do ano que vem, contra as pretensões do petista Lindbergh Farias. Entre os cinco estados governados pelo PMDB, dois preocupam especialmente o partido: o Rio de Janeiro e o Maranhão.
- Vamos conversar com os governadores, examinarmos a situação do PMDB nos estados, vamos discutir isso. Vai ser um primeiro passo para a eleição do ano que vem - dizia Michel Temer à tarde, bastante cauteloso.
Cabral confidenciou a aliados que pretende deixar claro que não apoiará a chapa da reeleição da presidente Dilma, com o próprio Temer, caso o PT lance candidato ao governo do Rio contra Pezão. O governador reafirmaria ontem aos colegas que a candidatura que representa seu governo, no qual o PT tem participação, é a do vice-governador, e que a opção do PT por uma candidatura própria implicaria em abandono imediato da chapa presidencial de Dilma. Entre peemedebistas, a aposta é que, neste caso, Cabral provavelmente ficará neutro, sem embarcar em qualquer candidatura oposicionista.
Michel Temer defende que o PMDB mantenha o diálogo, sem imposições, e vem conversando sobre o xadrez eleitoral de 2014 com o presidente do PT, Rui Falcão, e com o ministro da Educação e provável coordenador da campanha de reeleição de Dilma, Aloizio Mercadante. A cúpula do PT, no entanto, vem incentivando Lindbergh Farias.
Ontem, o deputado Leonardo Picciani, representante do Rio na Executiva Nacional do PMDB, afirmou que a legenda pode entrar nas próximas semanas com um processo contra Lindbergh por campanha extemporânea. Ontem, uma reportagem do GLOBO mostrou que Lindbergh fez ataques ao governo Cabral em um evento partidário no último sábado, em Nova Iguaçu.
- As críticas são naturais de um candidato em campanha, mas estão mal colocadas por estarem fora de hora. Nossos advogados estão analisando o vídeo do evento e se parecer campanha extemporânea nós vamos tomar as medidas apropriadas - explicou Picciani.
Fonte: O Globo
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