Governo aproveita um ato em Moreno para destacar de novo ações do governo com DNA lulista. Mas resultado do PIB ''reacende'' o seu tom de aliado-crítico
Débora Duque
Diante dos olhares atentos de famílias, cuja renda mensal não ultrapassa a faixa de R$ 1.600, à espera das chaves da casa própria, o governador Eduardo Campos (PSB) não se arriscou a fazer suas críticas ou ressalvas habituais às políticas econômicas e sociais do governo federal. No palanque montado para a inauguração do conjunto residencial “Miguel Arraes”, nessa quarta-feira, em Moreno, o socialista-presidenciável optou por elogiar com ênfase o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff pelo programa “Minha Casa, Minha Vida”. O tom crítico – como o que utilizou na segunda (27) ao tratar do Bolsa Família – ficou, mais uma vez, reservado às entrevistas e aos encontros com políticos e empresários.
“A gente sabe o valor que é fazer o que o presidente Lula fez no segundo mandato. (Enquanto) soprava uma crise internacional, ele chamou a então chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e governadores para entender porque casa para o povo pobre era tão cara”, exaltou Eduardo, tendo à sua frente integrantes das 500 famílias beneficiadas pelo programa habitacional do governo federal. “Foi então que Lula chamou governadores e prefeitos para tirarem o imposto dos materiais de construção para a gente fazer milhares de casas, fazendo com que o Brasil seja um país mais justo”, reforçou.
Passado o ato público e já rodeado por gravadores, Eduardo retomou sua condição de aliado-crítico da gestão petista. E, ontem, ganhou um novo mote com o anúncio de que o crescimento PIB, em 2013, será menor do que o previsto inicialmente (leia mais em economia). No primeiro trimestre deste ano, o aumento foi de apenas 0,6% quando a expectativa era de que fosse de 0,9%.
“Como governador e uma pessoa que tem responsabilidade com a vida de tantas pessoas, lamento o resultado. Acho que a gente tem que discutir menos eleição e mais economia. Tudo o que está acontecendo só faz reforçar meus argumentos de que 2013 é um ano singelo e é hora de unir forças”, afirmou.
Mais cedo, durante a inauguração do novo terminal integrado de passageiros, Eduardo questionou – também em entrevista – a estratégia do Banco Central de aumentar a taxa de juros para tentar controlar a alta da inflação. “Não há solução mágica. A questão não passa só por política monetária, mas por outras políticas também”, disse.
O enaltecimento das ações com DNA lulista tem sido uma constante em atos públicos do governador. No último dia 10, em Petrolina, chegou a dizer que Lula tinha sido o “melhor presidente da história para os pernambucanos”. Por enquanto, o público-alvo de suas ponderações sobre questões como revisão da política econômica, novo pacto federativo e a “dependência financeira” gerada pelos programas sociais do governo, um dos motores dos índices de aprovação das três gestões petistas, tem se restringido à classe política e ao setor empresarial.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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