Gilberto Carvalho afirma não haver motivo para a presidente pedir perdão. Planalto nega intenção de mudar comando da Caixa e reafirma que governo investiga boatos com cuidado
Karla Correia
BRASÍLIA – O Palácio do Planalto iniciou ontem uma operação para acalmar os ânimos em torno das investigações sobre o boato que divulgou o fim do Bolsa-Família. Os rumores levaram milhares de pessoas às agências da Caixa Econômica Federal, em 12 estados. A Presidência também publicou nota oficial na qual nega a intenção de fazer mudanças no comando da Caixa. Na segunda-feira, o presidente da instituição, Jorge Hereda, admitiu que os recursos foram liberados para saque na sexta-feira, dia 17, na véspera do tumulto causado pelo suposto fim do programa.
Ainda ontem, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, veio a campo para rebater críticas da oposição. Presidente do PSDB e provável candidato ao Planalto em 2014, o senador Aécio Neves (MG) afirmou que a presidente "deve desculpas" aos brasileiros por causa do imbróglio envolvendo o Bolsa-Família.
"Não vejo razão nenhuma para desculpas. A presidente Dilma não fez nenhuma ilação. Ela teve todo o cuidado de determinar a investigação do assunto", defendeu Carvalho. "Acho que ela agiu de maneira muito adequada e não há, por parte do governo, nenhuma atitude da presidente que possa levá-la a pedir qualquer tipo de desculpa", disse o ministro.
O recuo do presidente da Caixa – que chegou a afirmar que a liberação dos pagamentos só havia acontecido depois da corrida às agências do banco – causou mal-estar entre Hereda e a presidente Dilma Rousseff. A nota divulgada ontem, contudo, afirma serem falsas as "especulações de mudanças" na direção da instituição. "A diretoria é formada por técnicos íntegros e comprometidos com as diretrizes da CEF, com seus clientes e com os beneficiários de programas tão importantes para o Brasil, como o Bolsa-Família e o Minha Casa, Minha Vida", diz o comunicado.
Na segunda-feira, Hereda, pediu desculpas pelas informações erradas prestadas pelo banco sobre os saques do Bolsa-Família fora do cronograma. Segundo ele a "imprecisão" se justificou pelo momento de crise que o banco enfrentava em razão dos boatos. "Só quem viveu uma crise sabe é o que ter, naquele momento, todas as informações necessárias e ser preciso nas informações", afirmou. Hereda ainda negou que a antecipação dos pagamentos tenha contribuído para a propagação dos boatos.
Férias. A nota do Planalto não mencionou a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello. Responsável pela pasta executora do programa, Tereza ausentou-se do ministério para uma viagem de férias com a filha na Disneyworld, justamente no auge da pane que atingiu o Bolsa-Família, e seria alvo de críticas dentro do governo.
A reação do governo, na sequência dos tumultos em agências da Caixa, apontava na direção de que os rumores sobre o programa eram fruto de uma ação orquestrada contra o Bolsa-Família. A presidente chegou a falar em público que o autor dos boatos era "criminoso e desumano". No Twitter, a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, atribuiu os boatos a uma "central de notícias da oposição".
Fonte: Estado de Minas
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