• Ex-presidente sai em defesa da petista em discurso na 5ª Marcha das Margaridas
Vera Rosa - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que a responsabilidade pela crise não é da presidente Dilma Rousseff e cobrou apoio à sucessora, que, na sua avaliação, enfrenta uma tentativa de "golpe". Na abertura da 5.ª Marcha das Margaridas, em Brasília, Lula afirmou que o momento é difícil, pediu ajuda para manter a governabilidade e atacou o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB.
"A crise não nasceu em Quixeramobim, não nasceu em Maceió, não nasceu em Brasília. A crise nasceu no coração dos Estados Unidos e hoje tem muita gente pagando por isso. Tem gente que joga a responsabilidade em cima da Dilma, dizendo que ela é culpada, mas essas mesmas pessoas que se apresentam como se tivessem a solução para os problemas do mundo esquecem que, quando eu cheguei à Presidência, esse País estava quebrado, dependia do FMI", criticou Lula, numa alusão ao PSDB.
Saudado aos gritos de "Lula, guerreiro, do povo brasileiro", o ex-presidente ressuscitou o discurso do "nós contra eles" e disse que os tucanos não admitem que "o Brasil mudou para melhor”, apesar dos problemas.
"Essa gente está tão raivosa com a Dilma que não percebe que a eleição acabou em 26 de outubro”, comentou o petista, referindo-se a Aécio, candidato derrotado na disputa do ano passado. "Eles diziam que eu vivia no palanque, mas parece que quem não sai do palanque são eles."
Lula comparou o atual momento à turbulência enfrentada durante o escândalo do mensalão, em 2005, e anunciou que retomará as viagens, desta vez para defender Dilma. “Eu estou quieto no meu canto, mas todo santo dia tem uma provocação. Queria dizer que eu estou preparando o meu caminho para voltar a viajar por este País”, afirmou. Ao ouvir o verbo "voltar", a plateia mal esperou que Lula completasse a frase, entendendo que ele estava anunciando a candidatura, em 2018.
Em meio a gritos de “Lula de novo”, o ex-presidente argumentou que ninguém pode julgar Dilma com apenas sete meses de mandato, diante de um cenário de crise econômica internacional. “É o momento de a gente levantar a cabeça e dizer para a companheira Dilma que o problema que esse País está passando não é só dela, é nosso. Qualquer um erra, nem sempre a gente acerta, mas, quando ela errar, ela é nossa e temos que ajudá-la a consertar”, insistiu.
Nos últimos dias, Lula, o PT e até mesmo ministros passaram a admitir genericamente que o governo pode ter cometido erros, na tentativa de superar a imagem de arrogância, detectada em pesquisas qualitativas, e de apelar para um pacto de união nacional. O discurso dos petistas é o de que uma ruptura nas regras do jogo nunca é feita sem consequências traumáticas para o País.
A cinco dias das manifestações de rua contra o governo, o ex-presidente destacou que "não há ninguém que possa ameaçar o processo de formação democrática". Sem citar as denúncias de corrupção na Petrobrás, que atingem o PT e o governo, Lula pediu compreensão e empenho dos movimentos sociais na defesa de Dilma, diante das ameaças de impeachment.
“Eu sei que o momento não é fácil. Lembro que em 2005, quando falavam que iam fazer o impeachment do Lula, eu dizia: 'Se vocês quiserem me derrotar, têm de ir para a rua e disputar o povo brasileiro' ", afirmou. “Não vai ter golpe”, gritavam as mulheres da Marcha das Margaridas, que nesta quarta-feira receberão a presidente, no Estádio Mané Garrincha, com uma faixa marcada pela inscrição “Fica Dilma. Em Defesa da Democracia”.
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