• Corrente fiel a Dilma Rousseff avalia perda de força na possibilidade de a presidente afastada retomar o comando do País
Alberto Bombig – O Estado de S. Paulo
O avanço da negociação do empreiteiro Marcelo Odebrecht com a força-tarefa da Operação Lava Jato e a delação de Sérgio Machado fizeram crescer ainda mais dentro do PT a desesperança com a volta de Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto, mas motivaram líderes do partido a ressuscitar a tese da implosão do sistema político, que culminaria na convocação de novas eleições ou até nas discussões em torno do parlamentarismo.
Mesmo a corrente mais fiel à presidente afastada avalia que Dilma vem perdendo dia após a dia qualquer condição política de retomar a liderança do País. Para esse grupo, num cenário improvável de vitória da petista na batalha final do impeachment, ela seria obrigada pelas circunstância a negociar com Michel Temer, com o PSDB e com o Supremo Tribunal Federal uma saída para a crise.
Líderes do PT e ex-ministros da petista afirmam que Marcelo Odebrecht, preso desde o ano passado em Curitiba, deve dar detalhes e fornecer provas sobre as contribuições do conglomerado de empresas às campanhas de Dilma Rousseff em 2010 e em 2014 capazes de enfraquecer a tese de que ela foi vítima de um “golpe”, hoje a principal e quase única estratégia de defesa de Dilma e do partido.
Odebrecht, segundo seus advogados, ainda não começou a contar tudo o que sabe aos investigadores da Lava Jato, porém tem marcado reuniões para discutir o que pode revelar sobre as relações da empreiteira com o mundo político.
No caso da delação de Sérgio Machado, os petistas acham que ela fornecerá discurso para eles insistirem na estratégia de igualar a tudo e a todos perante a opinião pública, que hoje enxerga o PT, conforme mostram as pesquisas, como um partido corrupto. O ex-presidente da Transpetro já fez revelações sobre nomes importantes do PMDB e esperam-se dele acusações (ou mesmo gravações de diálogo) que envolvam o PSDB e seus líderes.
A tese da implosão do sistema tem também um braço operacional nos movimentos sociais historicamente ligados ao PT. Se eles tiverem força para manter e engrossar os protestos contra o presidente em exercício, podem ajudar a criar na opinião pública a sensação de que o novo governo estará inviabilizado antes da votação definitiva do impeachment no Senado. Tudo isso, no entanto, reconhecem os petistas mais realistas, deverá se transformar num devaneio se Temer melhorar as condições da economia brasileira ou pelo menos indicar ser possível sair da crise. O presidente em exercício corre contra o tempo.
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