Pré-candidato do PDT espera atrair partidos do centrão, mas enfrenta impasse em SP e PE
Marina Dias, Gustavo Uribe | Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Com dificuldade para fechar alianças consistentes, o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, cedeu à pressão e acenou ao PSB com a vaga de vice em sua chapa ao Planalto. Em troca, porém, quer que o partido anuncie apoio a sua candidatura nas próximas duas semanas.
O cálculo é pragmático: estacionado nas pesquisas, com 10% no cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo o Datafolha, Ciro quer firmar acordo imediatamente com o PSB para fortalecer sua candidatura. O objetivo é estimular novas adesões, principalmente do bloco do chamado “centrão”, com DEM, PP, PRB, SD e PSC.
“O PSB tem preferência natural. Os partidos que fecharem [apoio] antes da convenção [20 de julho] terão prioridade para vice”, afirmou à Folha o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi.
Na quarta-feira (4), Ciro deve se reunir com o presidente do PSB, Carlos Siqueira, em Brasília. A sigla prepara um documento com as condições para uma possível aliança com o pré-candidato.
Nas últimas semanas, Ciro se reuniu com a cúpula dos partidos do “centrão”, liderados pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), enquanto mantinha contato com o comando do PSB, mas ainda não conseguiu bater o martelo em nenhum acordo.
Historicamente alinhados a coalizões à direita, DEM e companhia ainda ensaiam um possível apoio à chapa do presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, que também tem tido desempenho aquém do esperado nas pesquisas, com 7% a 10% das intenções de voto.
Enquanto DEM e aliados estudam o cenário mais favorável antes de rifar de vez a candidatura de Maia —pré-candidato ao Planalto—, dirigentes do PSB se reuniram em Brasília na noite de quarta (27) para discutir o cenário eleitoral.
Ali, a avaliação foi a de que o partido precisa vencer as resistências internas que ainda existem em relação a Ciro —a maior parte dos diretórios do PSB já tem simpatia ao nome do ex-governador cearense— e anunciar o apoio ao PDT, no máximo, na segunda semana de julho.
A cúpula do PSB ecoa que, assim, o partido tem a prerrogativa de indicar o vice na chapa de Ciro e o pressiona, colocando em jogo seus valiosos 45 segundos de tempo de TV na propaganda eleitoral —sozinho, o PDT tem 33 segundos.
O nome que deve ser indicado pelo PSB para o posto é o do ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda, hoje pré-candidato ao governo de Minas. Próximo a Ciro, Lacerda tem usado essas articulações para se valorizar nas composições mineiras.
Aliados afirmam que ele prefere o cargo de vice na chapa do PDT a concorrer ao governo contra Antonio Anastasia (PSDB), líder das pesquisas.
“O PSB é o nosso aliado preferencial e é natural que indiquem o Lacerda, já que o PDT não tem resistência a ele”, disse o líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (CE).
Para finalmente anunciar o acordo com Ciro, o PSB precisa resolver o impasse nos diretórios de São Paulo e Pernambuco, ainda refratários ao casamento com o PDT.
Entre os paulistas, o governador e pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes, Márcio França (PSB), próximo a Alckmin, defende que o partido fique neutro na disputa. Mas tem ouvido de aliados que o tucano não vai ajudá-lo, visto que o PSDB tem seu próprio candidato, João Doria.
Em Pernambuco, o governador Paulo Câmara é candidato à reeleição e quer o apoio do PT para continuar no poder. O partido de Lula tem Marília Arraes na disputa.
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