segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Cristiano Romero - E o Batalhão da Guarda Presidencial?

Valor Econômico

BGP tem efetivo de mil soldados para proteger Palácio do Planalto e deveria estar de prontidão, uma vez que caravana foi anunciada há dias

Cabe somente à Polícia Militar do Distrito Federal cuidar da segurança do Palácio do Planalto, sede da Presidência da República? A resposta é não. A missão é atribuição precípua do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP), também conhecido como Batalhão Duque de Caxias.

O BGP é uma unidade do Exército, vinculada ao Comando Militar do Planalto. Em sua estrutura, funcionam cinco Companhias de Infantaria de Garda (Cia Inf Gd, na sigla militar), além de outras duas companhias e duas subunidades - a do Cerimonial, a Banda de Música, a de Comando e Serviço (CCS) e o Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva (NPOR). Cada Cia Inf Gd possui efetivo de aproximadamente 200 soldados. Duas funcionam como batalhões de choque.

Além das missões típicas de uma Unidade de Infantaria, o BGP possui três missões específicas: guardar as principais instalações do governo federal e do Comando do Exército, na capital da República; participar do cerimonial militar da Presidência da República e prestar as honras militares às autoridades nacionais e estrangeiras na capital federal; participar de operações de garantia da lei e da ordem conduzidas pelo Comando Militar do Planalto.

No site do BGP, o atual comandante do BGP, coronel Paulo Jorge Fernandes da Hora, evoca trecho da música do batalhão - “(...) desde o império sentinela imortal” (...) - para exaltar missão dessa unidade do Exército. “Este verso simboliza uma das mais nobres missões da nossa organização militar: guardar as principais instalações do governo federal e do Comando do Exército, na capital da República, desde a sua fundação, em 1960. Assim, mantemos o legado e o compromisso daqueles que originalmente integraram o Batalhão do Imperador”.

É motivo de orgulho do BGP um feito histórico: em 12 de setembro de 1963, cabos, sargentos e suboficiais da Força Aérea e da Marinha do Brasil insurgiram-se contra decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), sequestraram um ministro do tribunal e o presidente da Câmara e ocuparam partes de Brasília. Houve combate real e coube ao BGP derrotar os insurgentes. O levante ficou conhecido como a “Revolta dos Sargentos”.

Sessenta anos depois, chamou atenção a ausência de efetivos do BGP para proteger o Palácio do Planalto de invasores bolsonaristas radicais. Ouvidos pelo Valor, dois generais da reserva estranharam o fato de não haver companhias de prontidão, uma vez que a vinda dos manifestantes a Brasília vem sendo noticiada nas redes sociais desde segunda-feira.

Nesse domingo, o BGP só entrou em cena quando as sedes dos três Poderes já haviam sido tomadas. Mesmo assim, nada fez porque o efetivo enviado ao local era reduzido. “O BGP não foi acionado em sua totalidade”, assegurou uma dessas fontes. Quem aciona o BGP é o comandante militar do Planalto ou o comandante do Exército. “Espero que isso não seja a ponta de um ‘iceberg’”, comentou o outro general. “Torço para que tenha sido apenas um descuido da PM de Brasília e nada mais grave do que isso.”

 

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