terça-feira, 12 de agosto de 2008

DEU EM O GLOBO


TSE ADIA DECISÃO SOBRE ENVIO DE TROPAS AO RIO
Elenilce Bottari e Flávio Tabak

Após reunião com ministros e cúpula de Segurança, presidente do tribunal eleitoral diz que criminalidade diminuiu

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Carlos Ayres Britto, transferiu para o colegiado da Corte a decisão final sobre a necessidade de forças federais no Rio para garantir a campanha de candidatos em áreas dominadas por traficantes ou milicianos. É a terceira vez que a decisão sobre o envio de tropas federais é adiada. O que era para ser uma reunião sobre os resultados de inquéritos federais que tratam de currais eleitorais na cidade transformou-se na apresentação, pelo secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, das ações do governo estadual para desmantelar esses grupos armados.

O TRE-RJ mostrou um levantamento com mapas de votação de áreas consideradas conflagradas. Ayres Britto disse que saiu do encontro satisfeito com os esforços das autoridades estaduais para resolver o problema. Embora não tenha antecipado sua posição sobre o envio das forças, Ayres Britto disse que a Polícia Federal e as polícias estaduais estão à disposição de candidatos que se sintam ameaçados em comunidades. E, embalado pelo discurso de Beltrame, chegou a falar em redução da criminalidade:

- Saio daqui confortável quanto ao empenho máximo que testemunho das autoridades do Rio de Janeiro. As atividades criminógenas estão caindo. O valor cívico das eleições vai preponderar. Essas atividades paralelas perderão força.

Juiz relata casos de curral eleitoral
Participaram da reunião, além de Ayres Britto, o ministro da Justiça, Tarso Genro; o presidente do TRE-RJ, desembargador Roberto Wider; o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa; o superintendente da Polícia Federal no Rio, Valdinho Jacinto Caetano; o chefe de Polícia Civil, Gilberto Ribeiro; o comandante-geral da Polícia Militar, Gilson Pitta Lopes; o chefe de Estado Maior da PM, coronel Antonio Carlos Suarez David; o procurador regional eleitoral, Rogério Nascimento; o juiz coordenador da fiscalização da campanha eleitoral no Estado do Rio; Luiz Márcio Pereira, e o juiz de fiscalização no município do Rio, Fábio Uchôa.

O encontro durou cerca de duas horas. Márcio Pereira fez uma apresentação de uma hora sobre o resultado dos votos nas áreas onde estariam atuando os grupos criminosos. Após a explanação, Beltrame tomou a palavra para relatar prisões importantes, como a do vereador Jerônimo Guimarães (PMDB), o Jerominho, e de seu irmão, deputado Natalino (sem partido), e de outras ações, que estão sendo desenvolvidas pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas e de Inquéritos Especiais. O secretário disse que a polícia desmantelou cerca de 50% das quadrilhas, ao prender os principais integrantes dos grupos que dominavam 20 comunidades na cidade.

Já o superintendente da PF disse que em cerca de dez dias deve estar concluído o inquérito sobre o curral eleitoral da Rocinha, onde o traficante Antônio Bomfim Lopes, o Nem, proibiu a entrada de outros candidatos e exigiu o "empenho da comunidade" na campanha de seu candidato. Ele, porém, não antecipou qualquer informação sobre o andamento das investigações.

Ficou acertado que o TRE vai promover uma campanha de esclarecimentos sobre a segurança do segredo do voto.

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