Entrevista com Marco Antonio Villa, Professor da Universidade Federal de São Carlos
Roldão Arruda
O presidente Lula está interferindo diretamente no processo eleitoral e vai continuar a fazê-lo, porque a candidata que escolheu não tem forças para andar sozinha. Essa é a opinião do historiador Marco Antonio Villa, professor da área de ciências sociais da Universidade Federal de São Carlos.
Como o senhor vê o fato de o presidente já ter sido multado quatro vezes?
É uma situação grave. Indica que a multa não está tendo o efeito pedagógico almejado e que, em algum momento, será necessário outro tipo de ação. Usando a linguagem esportiva, cara ao presidente, diria que está entrando duro, com faltas graves, e só recebendo advertências verbais. Nem cartão amarelo dão. Se dessem, já teria sido expulso do jogo.
Por qual motivo ele estaria se expondo dessa maneira?
Porque sabe que a candidata que escolheu não consegue caminhar com as próprias pernas. Se for deixada sozinha, perde as eleições. Lula sabe que não é suficiente dizer que a apoia. Tem que fazer muito mais - e esse muito mais viola a legislação. Ora, Justiça Eleitoral e os eleitores não têm culpa se a candidata não tem condições de vencer as eleições com as próprias pernas.
Qual seria o comportamento adequado para o presidente?
Mesmo tendo candidato de sua preferência, o presidente não pode interferir diretamente no processo. Tem que agir como um magistrado, como ocorre em outros países. Nos Estados Unidos, o democrata Bill Clinton apresentou Al Gore a todo o país como seu candidato, mas não interferiu diretamente. O mesmo aconteceu com o republicano George W. Bush. Precisamos aprender esse caminho. O Lula não é presidente apenas dos eleitores de sua candidata.
A disputa eleitoral está apenas começando. O senhor acha que os erros podem aumentar?
Sem dúvida. Esse clima morno de campanha vai desaparecer depois do dia 11 de junho. O meu maior receio é que o exemplo do presidente acabe contaminando todo o processo eleitoral. Um governador ou um prefeito pode passar a agir da mesma forma - depois de verificar que o custo é muito baixo diante do que se pode ganhar. Esse comportamento do presidente é novo e pode ser repetido por aí. Acho estranho o presidente receber essas multas, das quais ele desdenha, depois de termos visto a severidade com que a Justiça Eleitoral agiu no Maranhão. O governador Jackson Lago foi atingido por um golpe de estado da Justiça, praticado em nome de um erro de gravidade muito menor.
O presidente já disse que fará campanha por sua candidata apenas nos fins de semana.
Isso é impossível. Ele é presidente também nos fins de semana e ninguém separa a figura do presidente da figura do cidadão. O problema não é o horário e o dia de campanha, mas sim a própria campanha.
Roldão Arruda
O presidente Lula está interferindo diretamente no processo eleitoral e vai continuar a fazê-lo, porque a candidata que escolheu não tem forças para andar sozinha. Essa é a opinião do historiador Marco Antonio Villa, professor da área de ciências sociais da Universidade Federal de São Carlos.
Como o senhor vê o fato de o presidente já ter sido multado quatro vezes?
É uma situação grave. Indica que a multa não está tendo o efeito pedagógico almejado e que, em algum momento, será necessário outro tipo de ação. Usando a linguagem esportiva, cara ao presidente, diria que está entrando duro, com faltas graves, e só recebendo advertências verbais. Nem cartão amarelo dão. Se dessem, já teria sido expulso do jogo.
Por qual motivo ele estaria se expondo dessa maneira?
Porque sabe que a candidata que escolheu não consegue caminhar com as próprias pernas. Se for deixada sozinha, perde as eleições. Lula sabe que não é suficiente dizer que a apoia. Tem que fazer muito mais - e esse muito mais viola a legislação. Ora, Justiça Eleitoral e os eleitores não têm culpa se a candidata não tem condições de vencer as eleições com as próprias pernas.
Qual seria o comportamento adequado para o presidente?
Mesmo tendo candidato de sua preferência, o presidente não pode interferir diretamente no processo. Tem que agir como um magistrado, como ocorre em outros países. Nos Estados Unidos, o democrata Bill Clinton apresentou Al Gore a todo o país como seu candidato, mas não interferiu diretamente. O mesmo aconteceu com o republicano George W. Bush. Precisamos aprender esse caminho. O Lula não é presidente apenas dos eleitores de sua candidata.
A disputa eleitoral está apenas começando. O senhor acha que os erros podem aumentar?
Sem dúvida. Esse clima morno de campanha vai desaparecer depois do dia 11 de junho. O meu maior receio é que o exemplo do presidente acabe contaminando todo o processo eleitoral. Um governador ou um prefeito pode passar a agir da mesma forma - depois de verificar que o custo é muito baixo diante do que se pode ganhar. Esse comportamento do presidente é novo e pode ser repetido por aí. Acho estranho o presidente receber essas multas, das quais ele desdenha, depois de termos visto a severidade com que a Justiça Eleitoral agiu no Maranhão. O governador Jackson Lago foi atingido por um golpe de estado da Justiça, praticado em nome de um erro de gravidade muito menor.
O presidente já disse que fará campanha por sua candidata apenas nos fins de semana.
Isso é impossível. Ele é presidente também nos fins de semana e ninguém separa a figura do presidente da figura do cidadão. O problema não é o horário e o dia de campanha, mas sim a própria campanha.
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