São remotas as chances de o ministro Orlando Silva sobreviver à saraivada de denúncias de desvio de dinheiro público para o caixa de seu partido, o PC do B.
O eventual envolvimento direto no esquema fraudulento ainda carece de prova -e sobre o acusador pesam, é fato, máculas sérias. Mas já existem elementos suficientes para caracterizar, no mínimo, a leniência diante da quadrilha que tungou milhões em verbas de programas sociais do Ministério do Esporte.
Mais: os criminosos são ligados ao PC do B, tiveram ajuda de assessores diretos de Orlando e aceleravam a pilhagem em anos eleitorais.
Seria difícil para Dilma carregar um ministro assim enfraquecido até a Copa de 2014, um projeto já questionado o bastante.
Significaria entregar munição de bandeja aos adversários -e num campo pelo qual todo brasileiro se interessa.
Tampouco parece provável que a presidente desista da "faxina", que rendeu tantos elogios, para poupar um auxiliar herdado de Lula a contragosto e uma sigla que ela julga sobrerrepresentada no governo.
Se Dilma contrariou expectativas e não liquidou o assunto na semana passada, foi essencialmente para assegurar ao PC do B um tempo para montar sua rota de fuga.
Há gratidão em jogo. A legenda foi a única que sempre acompanhou Lula nas eleições, além de tê-lo defendido quando explodiu o mensalão -e o PT entrou em parafuso.
E há receio do efeito bola de neve. Se rifado rápido, o PC do B poderia sair atirando -o governador petista Agnelo Queiroz (DF), antecessor de Orlando e também alvo do inquérito, seria apenas a primeira vítima.
Tudo somado, melhor para o Planalto "administrar o noticiário" por algum período, deixando o PC do B bater nos denunciantes (e nos interesses privados por trás das denúncias) até os comunistas concluírem que segurar Orlando custará mais do que o acordo para substituí-lo.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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