domingo, 1 de abril de 2012

Aliança Garotinho-Cesar muda planos do PMDB

Partido teve de refazer estratégias para manter hegemonia e não perder redutos eleitorais no interior do estado do Rio

Juliana Castro e Marcelo Remígio

"Estou tratando Aperibé igual a rei", afirma Jorge Picciani, presidente do PMDB. O pequeno município de 8.104 eleitores no Noroeste do estado do Rio, distante 270 quilômetros da capital e seus 4,6 milhões de votantes, desperta cobiça e preocupação entre os peemedebistas. A aliança PR-DEM, unindo redutos eleitorais dos ex-adversários Cesar Maia (DEM) e Anthony Garotinho (PR), levou o PMDB a refazer sua estratégia para as eleições deste ano. A política é não desperdiçar votos e acelerar o rolo compressor não só nos municípios com eleitorado maior, mas também nas cidades de pequeno e médio portes do interior.
A aliança PR-DEM levou a uma nova redivisão do mapa da influência política. Ao conquistar a parceria com o grupo do ex-prefeito do Rio Cesar Maia, o deputado federal Anthony Garotinho reforçou suas bases no Norte, Noroeste, no Centro-Sul, na Baixada e em parte da região Metropolitana, pondo em xeque a hegemonia do PMDB. O ex-governador quer conquistar o maior número de prefeituras, aparelhando-as para as eleições de 2014, quando pretende disputar o Palácio Guanabara. Enquanto o PMDB projeta eleger 45 prefeitos, o PR-DEM fechou a conta em 30, número que peemedebistas já admitem ser possível se concretizar.

PMDB tem 54 candidatos e PR já soma 70

Maior disputa é nas cidades fluminenses

O PMDB lançará 54 candidatos cabeças de chapa, além dos aliados, enquanto só o PR somará 70. Anthony Garotinho e Cesar Maia querem, com a aliança PR-DEM, conquistar municípios de porte médio, onde o eleitorado equivale ao de três ou quatro cidades menores, mas sem preterirem as cidades menores. Nos municípios com eleitorado maior, a aliança tem mantido negociações com o PSDB para, em um eventual segundo turno, conseguir o apoio dos tucanos. Até partidos que integram a base de apoio do governador Sérgio Cabral têm sido procurados por Garotinho e Cesar.

- Começamos a correr o estado em setembro do ano passado e hoje mantemos visitas semanais a municípios no interior do estado. Com isso, conseguimos fechar alianças com partidos até então aliados do PMDB, como PSB, PP, PRB e PRTB - afirma o secretário-geral do PR, Fernando Peregrino, que diz ter encontrado portas abertas em prefeituras onde há reclamações de falta de investimentos por parte do governo do Estado. - Inclusive de governos do PMDB.

PMDB: vitória no interior inibe grupo de Garotinho

O PMDB joga suas fichas em todas cidades, independente de tamanho. De acordo com Jorge Picciani, são cidades que, isoladamente, têm poucos eleitores, mas fazem falta no montante de votos fluminense. A estratégia foi usada por Garotinho quando se elegeu governador.

- São nessas cidades que o Garotinho e seu grupo têm mais chances, por isso não podemos descuidar. As convenções são em junho. Então, em algumas cidades, o quadro pode mudar. Caminhando para um lado ou para o outro, a nossa estratégia é vencer ou vencer. Melhor ganhar com um aliado que perder para um adversário - diz Picciani.

Os caciques peemedebistas anteciparam o reforço de suas bases. O governador Sérgio Cabral investe em seus redutos eleitorais na capital, parte da Baixada Fluminense e Região Metropolitana, além da Costa Verde, enquanto o vice-governador Luiz Fernando Pezão tem bases no Sul e no Centro-Sul Fluminense, disputando território com Garotinho e Cesar.

Já o presidente da Assembleia Legislativa, Paulo Melo, possui o controle eleitoral de cidades da região dos Lagos e da Baixada Litorânea. Picciani, principal articulador político do PMDB, estende sua influência pelo interior e parte da capital.

Tanto Garotinho quanto Picciani travam uma queda de braço na disputa por aliados nas cidades do Norte e do Noroeste. Garotinho mira em prefeitos descontentes com o governo do estado e pede apoio para seus candidatos. Picciani oferece estrutura de campanha para conseguir aliados, que têm os nomes submetidos à aprovação de Cabral.

FONTE: O GLOBO

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