Estaleiro tem R$ 400 milhões em aberto com banco
Henrique Gomes Batista
BRASÍLIA, PORTO ALEGRE e RIO- Por orientação do governo da presidente Dilma Rousseff, a Caixa Econômica Federal busca uma forma de renegociar uma dívida da OSX (braço do grupo EBX que atua na indústria naval) de R$ 400 milhões, que já venceu. Mas há divergências sobre a condução do processo na cúpula do próprio banco. Segundo interlocutores, na última reunião do conselho diretor, na semana passada, houve quem defendesse a execução da fiança do Santander (apresentada como garantia do empréstimo), mas foi voto vencido. O conselho é formado pelo presidente do banco, Jorge Hereda, e pelos vice-presidentes.
— Está havendo pressão do governo para que Caixa renegocie a dívida da OSX, ainda que aceitando garantias menores — contou uma fonte ligada ao banco.
Caixa nega pressão
A assessoria de imprensa da Caixa nega pressões e diz que a Caixa "é o próprio governo" Mas informou que a orientação é pela repactuação da dívida, na tentativa de dar um fôlego à empresa do grupo de Eike Batista. Também não deu detalhes sobre o tipo de garantia que o banco terá, limitando-se a dizer que as condições do refinanciamento ainda estão em curso. Vão depender de um acordo entre a Caixa, o Santander e a empresa, disse um executivo da Caixa.
O pedido de recuperação judicial da OGX não deve afetar muito o BNDES. O banco estatal de fomento não possui nenhuma linha de financiamento com a petroleira, apenas detém, via BNDESPar, 0,26% da empresa. Mas,no total, o banco tem contratos de R$ 10,082 bilhões com empresas originárias no Grupo EBX, mas a maior parte é com empresas que já foram vendidas, como a MPX, LLX e parte da MMX. O caso mais grave é o da OSX, que tem contratos de R$ 1,7444 bilhão. Do total emprestado, fontes afirmam que o banco já havia liberado R$ 6 bilhões.
Luciano Coutinho, presidente do banco, disse ontem em Porto Alegre que a situação financeira do grupo EBX não preocupa a instituição. Para ele a exposição de crédito do BNDES nas empresas de Eike é "zero"
— Do ponto de vista do banco, a situação (envolvendo a inadimplência de empresas do grupo EBX) está inteiramente equacionada. Já resolvemos toda a exposição de crédito e não teremos perdas. Diretamente, nossa exposição a crédito é zero — afirmou após seminário na PUCRS.
O BNDES admitiu que dois empréstimos-ponte contratados com o grupo tiveram de ser prorrogados por falta de pagamento. O contrato com a empresa de logística LLX, de R$ 502 milhões, foi rolado depois do vencimento, em setembro. No dia 14 de outubro, a empresa anunciou que o controle acionário foi transferido para a americana EIG. O novo prazo de pagamento do título é de três anos.
O empréstimo de R$ 418 milhões com a OSX, que atua em construção naval, venceu no dia 15 de outubro e foi estendido para janeiro de 2014. Coutinho, entretanto, afirmou que o crédito do BNDES com a OSX está garantido por fiança bancária.
Fonte: O Globo
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