- O Globo
O momento captado pela pesquisa Datafolha divulgada ontem é bom para a presidente Dilma, que subiu quatro pontos percentuais e manteve a liderança na corrida presidencial. Mas a situação prospectiva é ruim: há um mês, Dilma tinha 34% contra 32% de todos os seus rivais somados. Agora, há um empate: 38% a 38%.
Se o primeiro resultado já previa a realização de um segundo turno, este mais recente confirma a tendência, com a anulação da diferença a favor de Dilma. A pesquisa, além disso, mostra que, a longo prazo, essa diferença vai se reduzindo também num cada vez mais provável segundo turno contra o candidato do PSDB, Aécio Neves: ela, que já foi de 19 pontos percentuais, hoje é de apenas sete pontos, o que, na realidade, quer dizer 3,5 pontos para haver um empate, já que o segundo turno se trata de um autêntico mata-mata, um candidato contra o outro.
Também a diferença num segundo turno contra o candidato do PSB, Eduardo Campos, caiu de 15 pontos percentuais para 13. Os tucanos puseram uma lente nos resultados de São Paulo, que consideram decisivos, e tiraram boas notícias para seu candidato.
Nada menos que 39% dos eleitores paulistas consideram que o governo atual é ruim ou péssimo, enquanto o índice nacional é bem mais baixo, de 26%.
No segundo turno, o tucano Aécio Neves já derrota a presidente Dilma no maior colégio eleitoral do país por 46% a 34%, embora no momento apareçam empatados no primeiro turno.
Não é à toa, portanto, que o governismo e seus agentes na mídia, especialmente nos blogs chapa- branca, não fizeram tanto estardalhaço com a pesquisa do Datafolha, que colocou a presidente onde ela já estava há 15 dias, de acordo com uma pesquisa do Ibope.
Há analistas que dizem mesmo que a pesquisa de um mês atrás do Datafolha, que derrubou os índices de Dilma e também de Eduardo Campos, teria sido um ponto fora da curva, em momento de maior tensão social, corrigida agora devido ao ambiente tranquilo, mesmo festivo, no país devido ao sucesso da Copa do Mundo de futebol.
Mas a realidade é que o alívio provocado pela festa do futebol não impediu, por exemplo, que Dilma continue sendo a mais rejeitada pelos eleitores, com 32%.
Da mesma maneira, o índice de bom e ótimo de seu governo continua “no limbo”, de acordo com pesquisas realizadas pelo Instituto Análise, do cientista político Alberto Carlos Almeida.
Transpondo o resultado de uma pesquisa histórica com governadores em busca da reeleição, ele chegou à conclusão de que os candidatos com índice igual ou menor que 34% dificilmente se reelegem. Não há esse histórico para presidentes, mas, na correlação dos resultados, a presidente Dilma, com um índice de 35% de ótimo e bom, está no limite entre o céu e o inferno, podendo se reeleger ou não de acordo com o que aconteça na campanha.
A situação de estabilidade, é verdade, favorece quem está na frente da corrida, e um sinal de que os eleitores ainda não acharam o que procuram é que os demais candidatos cresceram três pontos neste último mês, reduzindo, assim, o nível dos indecisos. Desses, o Pastor Everaldo, do PSC, continua com 4% das intenções de voto.
A presidente Dilma lidera em todas as regiões do país, mas o Nordeste continua sendo seu grande reduto eleitoral, dando a ela 55% dos votos. Lá e no Norte, onde a presidente tem no momento 44% dos votos, Dilma obteve na eleição de 2010 uma diferença de 12 milhões de votos sobre José Serra.
No resto do país, a então candidata do PT venceu por apenas 0,5% dos votos, o que não terá desta vez, com a situação favorável ao PSDB no chamado “triângulo das Bermudas”, os três maiores colégios eleitorais do país: São Paulo, Minas e Rio de Janeiro.
Não é por acaso, portanto, que a campanha do PSDB vai dedicar atenção especial ao Norte e ao Nordeste do país, para tentar reduzir a margem de vitória da petista. As situações políticas em estados como Maranhão, Bahia, Ceará e Pernambuco (pela presença de Eduardo Campos), hoje, são mais favoráveis às oposições do que em 2010.
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