- Folha de S. Paulo
A corrida eleitoral chega neste domingo a uma nova etapa, com a abertura oficial da campanha que começou há vários meses, e a tessitura do quadro já permite algumas considerações.
No campo governista, o resultado da mais recente pesquisa do Datafolha, indicando o estancamento da queda de Dilma, está naturalmente sendo alardeado como um ponto de virada. Meia verdade.
O "feel good factor", como os britânicos apelidam o bom humor da nação, é evidente pela Copa brilhante nos estádios e sem hecatombes fora deles. Se isso será afetado por uma eliminação do Brasil, hoje ou depois, é pouco mensurável agora.
Num regime centralista como o brasileiro, quem está no topo é beneficiado nessa hora --ou prejudicado, como ocorreu em 2013. A exposição pela inauguração até de cartas de intenção também ajudou Dilma no período aferido pela pesquisa.
A má notícia para o governo é que todos se favoreceram por esse bom humor, opositores inclusos. Aos poucos, os indecisos vão aninhando-se, e o segundo turno soa inevitável.
O desafio para os oposicionistas é atrair os neutros e ganhar corações hoje dilmistas. Campanha negativa é uma coisa problemática, mas o fato é que os indicadores econômicos estão numa deterioração escamoteada pelo oba-oba da Copa.
Do lado propositivo, a coisa piora para a oposição. Aécio parece mais preocupado em mostrar-se um garantidor de direitos adquiridos, mas isso não ganha eleição. E a dupla Campos-Marina não logrou dar forma ao tal "novo" que sugerem.
Há mais. Aécio hoje é o adversário principal de Dilma, mas ainda há espaço para o crescimento de Campos. O temor real dos tucanos, contudo, é um Campos muito fraco, que acabe como linha auxiliar do PT.
A fotografia deste momento sorri para Dilma, mas é apenas isso: um registro instantâneo. O jogo está apenas no começo, e será duro.
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