• Projetos decididos na base da ‘vontade política’ não apenas garantiram prejuízos futuros para a empresa, como se tornaram terreno propício à corrupção
Há vários registros para a História destes 12 anos em que a Petrobras esteve sob controle de uma fração sindical do lulopetismo, em aliança com grandes empreiteiras. Existe o aspecto da utilização da estatal na propaganda partidária, há o uso da empresa como instrumento anti-inflacionário, a ponto de serem abertos rombos consideráveis no seu caixa — pelo fato de a Petrobras subsidiar o consumidor de combustíveis —; porém, o que mais chama atenção neste período é o gigantesco esquema de corrupção montado na estatal.
Mas existe um outro aspecto deste tempo de hegemonia lulopetista na empresa, também prejudicial para a companhia, que são as decisões bilionárias de investimento, executadas sem maiores preocupações técnicas, e cujos prejuízos só agora começam a aparecer.
Tomada a decisão política pelo chefe, o presidente Lula, o projeto tinha de ser implementado. Mesmo que — caso das “refinarias premium” do Ceará e Maranhão — sequer fosse pedida autorização à Agência Nacional do Petróleo (ANP) para sua execução, segundo depoimento da presidente do órgão, na Câmara dos Deputados, Magda Chambriard.
O corpo técnico da estatal nunca avalizou as duas refinarias, fruto apenas de promessas políticas de Lula aos clãs Sarney e Gomes (Ciro e Cid). Já em crise, a estatal suspendeu formalmente os dois projetos, mas ficou espetada na sua tesouraria pelo menos uma despesa de R$ 1 bilhão, custo da terraplenagem para a refinaria no Maranhão.
É apenas uma pequena parcela do prejuízo causado pela visão dirigista, onipotente, salvacionista que tomou conta da Petrobras naqueles tempos. Em entrevista ao jornal “Valor”, em 2009, Lula revelou, como se fosse um feito, que forçara a estatal a investir na refinaria do Ceará. Não disse, mas na do Maranhão, também.
No site da Petrobras, numa página “Fatos e Dados”, há a transcrição de um programa “Café com o presidente”, de março de 2010, em que Lula fala maravilhas dos investimentos em refinarias e destaca o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), hoje com a maior parte das obras parada, como em várias outras frentes de investimentos da estatal. Apesar do ufanismo de Lula, documento interno da estatal, revelado pelo GLOBO, calcula que o Comperj deve produzir para a companhia um prejuízo mínimo de US$ 14,3 bilhões. Certamente, se tudo houvesse sido feito dentro das melhores normas técnicas, os números seriam outros.
A corrupção teve, nesses investimentos decididos na base da “vontade política”, terreno apropriado para se estabelecer. Há relatos na Justiça de propinas no Comperj. Como há na refinaria Abreu e Lima, a que teve o custo inicial previsto multiplicado por dez. Este projeto surgiu de um entendimento pessoal entre Lula e o caudilho venezuelano Hugo Chávez. Não poderia terminar de outra forma.
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