Nunca antes na história deste país o prestígio popular de Luiz Inácio Lula da Silva esteve tão baixo, o que dá razão a Abrahão Lincoln quando afirmava que é impossível enganar a todos por todo o tempo. Mais de 13 anos depois de um operário de origem humílima ter feito a proeza de se eleger presidente da República, 61% dos brasileiros – praticamente dois em cada três – garantem que não dariam de jeito nenhum seu voto para recolocar Lula no Palácio do Planalto. É o que revela pesquisa do Ibope divulgada com exclusividade pelo colunista José Roberto Toledo neste jornal.
Essa rejeição sem precedentes àquele que já foi o maior líder popular brasileiro sinaliza o fim do ciclo do populismo petista que, depois de ter atingido seu fastígio no segundo mandato de Lula, feneceu quando os desacertos do governo Dilma Rousseff – que, na verdade, eram continuação do governo que o antecedeu – mergulharam o País em profunda crise política, econômica e moral.
A rejeição crescente a Lula, que de outubro para cá aumentou seis pontos, certamente se explica em boa parte pela conjuntura econômica adversa que o País enfrenta. Mas a responsabilidade maior por esse desastre cabe, obviamente, ao desgoverno do poste inventado por Lula. E os brasileiros sabem disso, tanto que a popularidade de Dilma é muito mais baixa do que a de seu criador e apenas 1 em cada 10 brasileiros aprova sua administração. A decadência do prestígio popular de Lula, portanto, deve-se não apenas à percepção da responsabilidade que lhe cabe pelo desastre político e econômico – com reflexos graves no campo social –, mas também pela falência moral que resultou da propagação de seus métodos de ação por toda a máquina pública. Foi ele, afinal, o responsável pela corrupção generalizada que desmoraliza o País e corrói a economia nacional – e da qual ele é beneficiário, a julgar pelas evidências relacionadas a mal explicadas transações.
Em português claro: a polícia está nos calcanhares do clã Da Silva e até agora não se ouviram explicações convincentes para o desprendimento com que empreiteiras envolvidas até o pescoço na corrupção investiram somas consideráveis em imóveis que Lula garante que não lhe pertencem. São naturais e inevitáveis, portanto, as especulações de que, em sua obstinada luta contra a pobreza, o chefão do PT se tenha permitido o direito de colher os benefícios generosos, mas de maneira nenhuma desinteressados, colocados à sua disposição por bons amigos. Que mal há nisso, como têm candidamente argumentado os petistas?
O fato é que a distinção entre o público e o privado – que o clã Da Silva tem certa dificuldade em perceber – acaba se impondo à percepção até dos mais desatentos. E, assim, comprova-se falsa a firme convicção de Lula de que o brasileiro é idiota e acredita em tudo que ele queira fazer crer.
Hoje, só 1 em cada 5 brasileiros, 19%, se mantém fiel a Lula e votaria nele “com certeza”. Eram 23% há quatro meses e 33% há menos de dois anos. Mas embora Lula seja o campeão da rejeição, com 61%, outros cinco presidenciáveis têm índices altos de desaprovação: José Serra, 52%; Geraldo Alckmin, 47%; Ciro Gomes, 45%; Aécio Neves, 44%; e Marina Silva, 42%. O que leva à conclusão óbvia de que, se está insatisfeito com Lula e o PT em particular, o brasileiro também não bota muita fé nos políticos em geral.
Nesse quadro, e partindo do princípio de que tudo é muito relativo em política, muitos dos seguidores de Lula ainda confiam em sua capacidade e carisma para tirar-se e ao PT do buraco. Afinal, o apoio firme de um quinto do eleitorado é cacife respeitável. Argumentam os petistas que em 2006, como decorrência do mensalão, Lula havia perdido popularidade, mas conseguiu se reeleger. O fato, porém, é que naquele ano o País se beneficiava com indicadores econômicos e sociais amplamente positivos. Hoje, a recuperação eleitoral de Lula passa, necessariamente, pela recuperação da economia, algo extremamente improvável de acontecer em tempo hábil para impedir, em 2018, o fim de um ciclo. Pois foi a esses tempos de vacas magras que o lulopetismo, afinal, nos condenou.
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