• Laudos dizem que rendimentos do senador eram incompatíveis com os R$ 5,7 milhões gastos
Carolina Brígido - O Globo
BRASÍLIA- A Procuradoria Geral da República pediu ao Supremo Tribunal Federal ( STF) autorização para investigar movimentação financeira suspeita do presidente do Senado, Renan Calheiros ( PMDB- AL), no valor de R$ 5,7 milhões. O valor seria incompatível com os rendimentos do parlamentar. Na semana passada, a PGR pediu abertura de novo inquérito contra Renan, por suspeita de lavagem de dinheiro e peculato.
Os indícios surgiram a partir do inquérito que investiga se uma empreiteira pagava pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem Renan tem uma filha. Caberá ao ministro Dias Toffoli decidir se abre ou não a nova frente investigatória.
A Polícia Federal elaborou laudos em 2009 e em 2010 comprovando que os rendimentos de Renan eram incompatíveis com os depósitos que realizou em favor da jornalista. “O investigado não apresentou, com base nos documentos analisados, capacidade financeira que permitisse efetuar, em determinados períodos, os pagamentos em favor de Mônica Canto Freitas Veloso”, concluiu a PF.
Atualmente, existem no STF sete inquéritos investigando Renan, sendo seis abertos no âmbito da Lava- Jato e o que investiga originalmente o caso Mônica Veloso. Se Toffoli concordar com a PGR, serão oito. A nova investigação estava sendo conduzida internamente no Ministério Público Federal e tem 1.922 páginas, divididas em nove volumes. Renan é suspeito de ter cometido “infrações penais tributárias”, segundo os autos, que estão sob segredo de Justiça.
O caso Mônica Veloso veio à tona em 2007 e resultou na renúncia de Renan da presidência do Senado. Em seguida, o caso chegou ao Supremo. Nesse primeiro inquérito, Renan é acusado de falsidade ideológica, uso de documento falso e peculato. O inquérito já está pronto para ser julgado e foi liberado para a pauta de julgamentos no início do mês. Na semana passada, a defesa alegou que houve falha processual.
O relator, ministro Edson Fachin, decidiu retirar o caso da pauta e o encaminhou à PGR, que deverá emitir um parecer sobre a suposta falha no processo.
Em denúncia apresentada ao STF no primeiro inquérito, a PGR concluiu que o parlamentar não tinha dinheiro suficiente para pagar pensão alimentícia a Mônica Veloso. Segundo a denúncia, Renan apresentou documentos falsos para comprovar que tinha condições de arcar com a despesa. Mas as quebras de sigilo bancário mostraram o contrário.
A pensão era de R$ 16,5 mil mensais. Mas os peritos da PF destacaram que, em 2002, o denunciado e seus dependentes tiveram renda anual de R$ 27,9 mil, ou R$ 2,3 mil mensais. Em 2004, a renda anual teria sido de R$ 102,2 mil, ou R$ 8,5 mil mensais.
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