É melhor remover um lunático da arena política ou derrotá-lo nas urnas?
Donald
Trump fez tantos estragos na política americana que foi preciso aprovar dois
pedidos de impeachment contra ele na Câmara. O primeiro foi barrado no
Senado, em 2020, e o segundo não deve ser votado antes do fim de seu mandato,
mas o processo em curso pode abrir caminho para que ele seja proibido de
disputar eleições.
Alguns congressistas republicanos apoiam a condenação de Trump. Além de gravar essa decisão na história, eles dizem que é preciso despoluir o partido e impedir que o atual presidente cause mais danos ao país no futuro. Outros parlamentares, porém, argumentam que expulsá-lo da vida pública vai alimentar animosidades e fortalecer seus devotos mais radicais.
É
melhor remover um lunático da arena política à força ou é melhor derrotá-lo nas
urnas? A resposta depende do apego a princípios democráticos, da força das
instituições, do grau de ameaça do sujeito e, principalmente, da chance de
sucesso de cada uma das alternativas.
Quem
defende o acionamento do segundo botão sustenta que o confronto dentro das
regras eleitorais reveste esse movimento com o condão da vontade popular e
ajuda a reduzir os traumas da transição, mesmo após campanhas duras.
O
problema é que essa solução tende a ser pouco eficaz contra populistas
autoritários, que exploram teorias extremistas, posam como líderes perseguidos
pelo sistema e se
beneficiam do ressentimento de seus admiradores. Se os americanos
escolherem esperar até 2024 para dizer um novo “não” a Trump, ele pode voltar à
Casa Branca.
A
exclusão pelos canais institucionais é um tiro mais certeiro, ainda que os
efeitos colaterais sejam consideráveis. A ação depende de políticos que tenham
coragem de tomar essa decisão e que abandonem a ilusão de que poderiam
controlar o líder desvairado caso ele continuasse no jogo. Depois disso, é
preciso ter instituições potentes para debelar focos secundários de extremismo
e barrar a ascensão de seus filhotes.
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