Ex-presidente
reapareceu com um discurso simples e de essência racional
Para o
bem e para o mal, o novo Lula é o mesmo. Numa trapaça da história, enquanto o
ex-presidente falava, Eduardo Bolsonaro, o 03, mandava que as pessoas enfiassem
as máscaras “no rabo”, e seu pai, delicadamente, colocava-a no rosto.
Lula
reapareceu com um discurso simples e de essência racional . Na quarta-feira, o
número de mortos bateu a casa dos dois mil, num total de 270.917 (a provável
população do Brasil no final do século XVII). A “gripezinha” estava no
“finalzinho”, e a “conversinha” da nova onda mostrou-se mais letal que a do ano
passado. Lula chamou Bolsonaro de “fanfarrão” e seu governo de “incompetente”:
“Não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da República ou do ministro da
Saúde. Tome vacina. Tome vacina, porque a vacina é uma das coisas que pode
livrar você da Covid.”
Mais: “O
Brasil não é dele e dos milicianos.”
Sem a
teimosia delirante do capitão, Lula também tem um pé em sua realidade paralela.
Ele fala de uma “Petrobras bem dirigida, como foi no nosso governo”.
A boa
gestão no petróleo explicaria “o golpe contra a Dilma, porque é preciso não ter
petróleo aqui no Brasil na mão dos brasileiros. É preciso que esteja na mão dos
americanos, porque eles têm que ter o estoque para guerra.” Até aí, trata-se de
uma opinião, mas Lula foi adiante:
“A
Alemanha perdeu a guerra porque não chegou em Baku, na Rússia, para ter acesso
à gasolina.”
A Alemanha não chegou a Baku porque foi detida em Stalingrado no início de 1943. A essa altura, os nazistas já haviam sido detidos às portas de Moscou, e os Estados Unidos já haviam entrado na guerra (dezembro de 1941) e quebrado a perna do poder naval japonês na batalha do Midway (junho de 1942). A partir do final de 1942, os alemães passaram a combater numa guerra que não poderiam ganhar, mesmo que tivessem chegado ao petróleo de Baku. Isso para não se falar na bomba atômica, cujo combustível era urânio.
Falando
da eleição de 1989, Lula diz: “Não ganhei porque a Globo me roubou”. A edição
do seu debate com Fernando Collor foi editada com viés contra Lula, mas foi ao
ar depois da transmissão da versão integral, ao vivo. Collor teve 35 milhões de
votos, contra 31 milhões de Lula, que só venceu em três estados (RJ, RS e PE).
A
agência Lupa checou a fala de Lula e apontou devaneios que custariam caro a
Jair Bolsonaro se tivessem partido dele:
“Fachin
(reconheceu) que nunca teve crime cometido por mim.”
“FALSO.
A decisão do ministro do STF Edson Fachin não cita, em nenhum momento, que o
ex-presidente Lula nunca cometeu crimes. Ele apenas considerou que as ações do
tríplex de Guarujá (SP), do sítio em Atibaia (SP) e do Instituto Lula não têm
relação direta com a Petrobras e não deveriam ter tramitado na Justiça Federal
de Curitiba.”
Afora
casos como esses, Lula continua ligeiro. Ele já disse que Napoleão foi à China
e que Oswaldo Cruz criou a vacina contra a febre amarela. Agora, referiu-se a
um artigo de 2004 do juiz Sergio Moro, no qual ele teria escrito que “só a imprensa
pode ajudar a condenar as pessoas.” No seu famoso artigo de 2004, Moro não
disse isso. Foi preciso, referindo-se à Operação Mãos Limpas italiana:
“Os
responsáveis pela operação Mani Pulite ainda fizeram largo uso da imprensa. Com
efeito: para o desgosto dos líderes do PSI, que, por certo, nunca pararam de
manipular a imprensa, a investigação da ‘mani pulite’ vazava como uma peneira.”
Lula não
precisava ter exagerado.
Bolsonaro
na disputa
Com Lula
e Bolsonaro disputando uma eleição, os jornalistas e as agências de checagem
trabalharão como nunca.
Lula
viajou pela sua realidade paralela na quarta-feira, Bolsonaro reagiu na quinta
e, como mostrou o repórter Mateus Vargas, contou cinco inverdades em menos de
meia hora.
Disse
que o número de mortos pela Covid está inflado. Contrariou um boletim do
Ministério da Saúde.
Disse
que que a Organização Mundial da Saúde condena o lockdown.
Disse
que, desde o primeiro momento, tentou comprar vacinas. Anunciou seu veto à
CoronaVac e recusou propostas da Pfizer.
Disse
que o Supremo Tribunal Federal limitou a ação do governo. O que o STF fez foi
garantir as iniciativas dos estados e municípios.
Disse
que desde o primeiro momento agiu contra a Covid. Era a “gripezinha“ que
provocava a “histeria” dos “maricas”.
Cármen e
Nunes Marques
O pedido
de vista do ministro Nunes Marques alegrou o Planalto, pois a suspeição de
Sergio Moro seria mais uma cereja no bolo de Lula.
À
primeira vista, as coisas são assim, mas se a ministra Cármen Lúcia mudar seu
voto, acompanhando Gilmar Mendes, a manobra falha e carboniza Nunes Marques. A
menos que ele se antecipe, condenando Moro.
STF em
chamas
O
tiroteio do ministro Marco Aurélio em cima dos colegas Luiz Fux e Alexandre de
Moraes mostra que o Supremo Tribunal precisa de uma missão pacificadora. Esse
foi o barraco público. Felizmente, aqueles que ocorreram no início da semana,
com outras excelências, ficaram no escurinho da Corte.
A tensão
decorre, em parte, da suspensão do convívio pessoal, provocado pela pandemia.
Mourão
disse tudo
Na sua
entrevista aos repórteres Gustavo Uribe e Leandro Colon, o vice-presidente
Hamilton Mourão disse tudo:
“É
aquela história: o povo é soberano. Se o povo quiser a volta do Lula,
paciência. Acho difícil, viu, acho difícil.”
Lula
2022
Lula já
avisou:
“Eu sou
uma metamorfose ambulante”.
Vazou
No
início da semana passada, alguns comissários bem informados já sabiam que o
ministro Edson Fachin jogaria sua bomba sobre a política nacional.
Guedes
na mesa
Nos
últimos dias da semana passada, elevou-se a tensão no Palácio do Planalto.
Sempre que isso acontece, sobra para o ministro da Economia.
Paulo
Guedes terá dias difíceis, com uma janela de oportunidade. Como ele mesmo já
disse, dependendo do desconforto, vai-se embora.
O grande
chanceler
Com o
Brasil assumindo a liderança do número de mortes diárias por Covid, o ministro
Ernesto Araújo realizou seu sonho:
“Talvez
seja melhor ser esse pária deixado ao relento, deixado de fora, do que ser um
conviva no banquete no cinismo interesseiro dos globalistas, dos corruptos e
semicorruptos.”
Mandato
curto
Com a
execução do vereador Danilo do Mercado (MDB-RJ), assumirá sua cadeira na Câmara
de Caxias a suplente Fernanda da Costa, filha do traficante Fernandinho Beira-Mar,
encarcerado em Mossoró (RN).
Seu mandato poderá ser curto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário