Esforço
mostra que Bolsonaro teme o que será revelado se a investigação correr solta
Preocupado
com a exposição pública de seu comportamento mortífero na pandemia, Jair
Bolsonaro tenta ganhar a guerra da CPI da Covid no tapetão. Aliados do governo
acionaram a Justiça para interferir na escolha dos integrantes da comissão,
lançaram uma campanha nas redes sociais para intimidar os senadores e abriram
investigações contra rivais do presidente.
Os requisitos mínimos para a instalação da CPI estão preenchidos desde o início de fevereiro, mas o governo não desperdiçou uma gota de suor. Contou com a lealdade do presidente do Senado, que guardou o pedido na gaveta até que o STF determinasse a abertura da investigação.
Bolsonaro
teve mais sucesso numa segunda manobra para dificultar as investigações. Às
vésperas da criação da CPI, o presidente entrou pessoalmente numa articulação
para que a comissão mirasse também o uso de verba federal pelos estados.
A
intenção não é apurar desvios, mas tumultuar os trabalhos e ameaçar seus adversários
políticos. Bolsonaro ganhou ainda uma ajuda da Procuradoria-Geral da República,
que enviou um ofício em que acusa governadores de mau uso de recursos na
pandemia –um material sob medida para exploração na CPI.
Agora,
os governistas usam outros artifícios para impedir a comissão de seguir
caminhos incômodos. Como não conseguiram maioria para controlar a investigação,
bolsonaristas passaram os últimos dias atacando integrantes da CPI nas redes e
fazendo pressão para derrubar
o provável relator, Renan Calheiros (MDB).
Em
outra frente, o Planalto apoiou a ação da deputada Carla Zambelli (PSL) na
Justiça para barrar Renan. Ela argumenta que o senador não
seria um relator imparcial porque seu filho é governador de Alagoas. Faltou
dizer que outros integrantes também têm interesses políticos conflitantes com o
foco da CPI.
O governo vai tentar influenciar os rumos do inquérito fora das quatro linhas da comissão. O esforço mostra que Bolsonaro teme o que pode ser revelado se a CPI correr solta.
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