Quem
o pariu que o embale
O presidente Jair Bolsonaro acordou e foi dormir ontem mentindo, que é o que ele sempre sabe fazer de melhor.
De
manhã, mentiu ao mundo na abertura da Cúpula do Clima ao dizer que “o Brasil
está na vanguarda no enfrentamento ao aquecimento global”. Não está, já esteve.
Mentiu
à noite nas redes sociais ao recomendar a cloroquina como remédio eficaz contra
a pandemia do coronavírus.
A
MM (mentira matinal) parece ter sido bem aceita por diplomatas que servem ao
presidente Joe Biden, o organizador e anfitrião da cúpula. Eles gostaram do tom
do discurso de Bolsonaro.
A MN (mentira noturna) pode ter agradado os devotos que a escutam como prova de coerência, mas somente a eles.
“Eu
tomei um negócio ano passado, não vou citar o nome para não cair a live, mas se
eu tiver um problema, vou tomar de novo”, prometeu Bolsonaro.
O
desmatamento só cresce. Ao contrário do que disse, ele não está dobrando o orçamento
das atividades de fiscalização ambiental.
À
falta de vacinas porque o governo não as providenciou a tempo, o vírus segue
matando. A culpa, segundo Bolsonaro, é de governadores e prefeitos que adotam
medidas de isolamento.
Como
o discurso da manhã foi lido, Bolsonaro não se enrolou. Como nas redes sociais
ele improvisa, foi uma confusão só.
“Impressionante
como só se fala em vacina”, reclamou Bolsonaro, que em seguida comparou a
doença do vírus com os cânceres de mama e de próstata que ele considera tão
mortais quanto.
Bolsonaro
tomou emprestado aos governos que antecederam ao seu as ações em prol da
preservação da natureza no Brasil.
Escondeu
que o país é o campeão em perdas de florestas no mundo. Só de 2019 para 2020,
foram eliminados 1,7 milhão de hectares de floresta primária no Brasil.
Isso
é mais do que três vezes o que perdeu o segundo colocado, a República
Democrática do Congo.
Comprometeu-se
a eliminar “o desmatamento ilegal até 2030, com a plena e pronta aplicação do
nosso Código Florestal” em vigor há 9 anos. Malandragem pura e direto na veia.
Na
prática, pediu 19 anos de carência para cumprir a lei. E joga tudo nas costas
dos próximos quatro governos.
Chega ou quer mais?
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