Folha de S. Paulo
Largada do ex-juiz reforça liderança do
petista e expõe sinais de divisão na direita
A estreia de Sergio Moro na corrida
presidencial não produziu o terremoto que seus apoiadores esperavam. Ao
contrário, os primeiros
números depois de sua largada consolidam a liderança de Lula e
realçam fragilidades do ex-juiz e da candidatura de Jair Bolsonaro.
O petista aumentou sua vantagem sobre os
adversários, segundo a nova pesquisa do Datafolha. Com 48% das intenções de
voto, ele aparece com chances de vencer a disputa no primeiro turno. Lula tem
mais que o dobro do índice de Bolsonaro e abriu uma margem significativa sobre
o atual presidente entre eleitores de baixa renda: 56% contra 16%.
Os dados confirmam que o derretimento da economia favorece a candidatura do ex-presidente e sugerem que, até agora, nenhum oponente foi capaz de ativar o antipetismo como motor eleitoral.
Além de perder espaço para o petista entre
os mais pobres, Bolsonaro agora tem um rival
interno na direita. Moro ainda não conseguiu rachar esse eleitorado,
mas começa a ocupar territórios que foram cruciais para a vitória do capitão em
2018.
Em sua primeira pesquisa como
pré-candidato, o ex-juiz aparece com 15% das intenções de voto entre eleitores
com renda superior a cinco salários mínimos. Neste segmento, o presidente caiu
de 42% para 33% nos últimos meses.
Bolsonaro também foi desidratado por Moro
no Sul e no Sudeste: perdeu sete pontos desde setembro nas duas regiões,
enquanto o ex-juiz larga com dois dígitos por ali.
O impulso inicial de Moro pode ser
considerado frustrante para um candidato
já conhecido por 88% dos brasileiros, segundo o Datafolha. Mesmo
no Sul, onde 91% dos eleitores dizem conhecer o ex-juiz, só 13% declaram voto
nele no primeiro turno.
A nova pesquisa mostrou que Bolsonaro e
Moro devem se acotovelar numa disputa pelo mesmo eleitorado —o que parece ser
um obstáculo. Exemplo: numa simulação de segundo turno entre o presidente e
Lula, o eleitorado do ex-juiz se divide entre os dois e o voto nulo.
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