Folha de S. Paulo
O casamento entre Lula e Alckmin não seria
uma 3ª via, mas talvez a 2,5ª
Uma aliança entre Luiz
Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin já parece mais que um balão de ensaio. Eles se
cortejam e a cópula desponta como uma possibilidade real.
No momento, eles fazem movimentos análogos
ao da sinalização sexual biológica para reforçar suas posições. Lula posa como
imbatível para tentar levar Alckmin para o posto de vice pagando o menor dote
possível, isto é, sem o PT abrir mão de lançar candidato ao governo de São
Paulo. O petista sugere que tem todas as condições de vencer já no primeiro
turno e que o ex-governador paulista não agrega tantos votos assim. Não valeria
o risco de afastar eleitores de esquerda que torcem o nariz para o agora
ex-tucano.
Verdade, mas só em parte. Alckmin teve poucos votos como candidato a presidente em 2018 e deve ter menos ainda fora do PSDB. Tende a zero, porém, o risco de o eleitor de esquerda deixar de votar em Lula no ano que vem. Para tirar Bolsonaro, votaria até no cabo Daciolo.
O principal motivo para Lula querer Alckmin
como vice é que tê-lo facilitaria a condução do governo. Lula sabe que tão ou
mais difícil do que vencer
o pleito será administrar o país em caso de vitória, em especial a
economia.
Com o ex-tucano, o petista indicaria de
forma crível para a sociedade (sinalização conspícua) que volta sem espírito de
vingança e disposto a negociar com todos. Se os acertos entre os dois
envolverem também nomes da equipe econômica, as resistências a Lula nas fileiras
do empresariado podem ser significativamente reduzidas.
Se a aliança sair, será também mais uma
ducha de água fria sobre os que depositam esperanças no surgimento de um
candidato competitivo que não Lula nem Bolsonaro. É que um Lula já fazendo a
composição com o centro político reduz ainda mais o espaço ecológico (outro
conceito biológico) para nomes alternativos. O casamento entre Lula e Alckmin
não seria uma 3ª via, mas talvez a 2,5ª.
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