quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Bernardo Mello Franco - Sinais opostos na reta final

O Globo

Na semana decisiva, petistas tentam vender otimismo; governistas lançam factoides e estimulam arruaça

A convocação foi feita em tom solene, no fim da tarde de segunda-feira. Pelas redes sociais, o ministro Fábio Faria instou a imprensa a “acompanhar a exposição de um fato grave na frente do Palácio da Alvorada logo mais, às 19h30”.

No horário marcado, o ministro apareceu diante das câmeras. Contou a seguinte história: rádios do Nordeste teriam deixado de veicular milhares de inserções de Jair Bolsonaro. Não apresentou detalhes ou provas do suposto boicote.

A seu lado, o publicitário Fabio Wajngarten aproveitou para fazer propaganda. Disse que o capitão foi “censurado” e, sem ser perguntado, informou que a campanha continuava “firme, forte e unida”. “A gente está na frente das eleições. A gente virou a curva”, acrescentou, na contramão de todos os institutos de pesquisa.

O factoide durou pouco. Ainda na noite de segunda, o TSE constatou que a denúncia se baseava em relatório apócrifo, sem datas ou horários das tais inserções. “Os fatos narrados não foram acompanhados de qualquer prova e/ou documento sério”, resumiu o ministro Alexandre de Moraes.

Ele cobrou a apresentação de provas e ameaçou enquadrar a dupla por crime eleitoral “se constatada a motivação de tumultuar o pleito”. Ontem o assunto só subsistiu nas redes bolsonaristas.

A bomba dos dois Fabios revelou-se um traque. Mais ruidosas foram as granadas atiradas por Roberto Jefferson contra a Polícia Federal. No domingo, o ex-deputado reagiu com violência a uma ordem de prisão. Entrincheirou-se com armas e explosivos, em aparente tentativa de insuflar um levante bolsonarista.

O Capitólio de Levy Gasparian fracassou. Ao notar a repercussão negativa, o capitão abandonou o velho aliado, a quem chamou de “bandido”. Jefferson terminou a noite sozinho e de volta ao xadrez.

Na reta final da eleição, as duas campanhas emitem sinais opostos. Os bolsonaristas transpiram nervosismo e estimulam a arruaça. Os petistas buscam vender otimismo e tratar do futuro, embora reconheçam que a disputa não está ganha.

Em ato festivo, Lula ostentou as aquisições mais recentes de sua frente ampla: a senadora Simone Tebet, o economista Persio Arida, os tucanos históricos José Gregori e José Aníbal. Para aguçar o apetite dos novos aliados, prometeu ceder espaços e montar um governo “além do PT”. Horas depois, repetiu que, se eleito, será “presidente de um mandato só”.

Bolsonaro disse o mesmo em 2018, mas esta já é outra história.

 

4 comentários:

Anônimo disse...

Estimular e FAZER ARRUAÇA é a cara dos bolsonaristas! Que depois tentam se esquivar dizendo que nada fizeram... Que os criminosos (Jefferson, assassinos, agressores, etc.) não seus aliados... Mentem na entrada e na saída!

Anônimo disse...

"Na semana decisiva, petistas tentam vender otimismo; governistas lançam factoides e estimulam arruaça"

Um lado inspirando (não vendendo Franco) otimismo; outro lado, falseando e arruaçando.
O 2o grupo nada tem mesmo a apresentar; só lhes resta o mal.

Anônimo disse...

Jeferson Miola* / CLAE
Lunes 24 de octubre de 2022

Las elecciones están siendo robadas, amañadas y corrompidas

https://www.somosmass99.com/las-elecciones-brasilenas-estan-siendo-robadas-amanadas-y-corrompidas/

ADEMAR AMANCIO disse...

Será que Roberto Jefferson já sabe que Bolsonaro o chamou de bandido?