Folha de S. Paulo
Fatalismo do deputado não é um delírio, mas
pureza ideológica não vai resolver tudo
Guilherme
Boulos deu alguns passos em direção ao
centro na última campanha. Tentou suavizar bandeiras para não
ser engolido pela rejeição a seu histórico político. A experiência talvez tenha
sido frustrante demais: o deputado não apenas foi derrotado como
saiu das urnas afirmando que a esquerda não deveria fazer concessões daquele
tipo.
Boulos escolheu o lado em que seguirá na encruzilhada sobre os rumos da esquerda. Em entrevista a Mônica Bergamo quatro dias após a eleição, ele se queixou de "setores do PT" que defendem o caminho do centro para resistir ao avanço da extrema direita. Para o deputado do PSOL, essa opção seria "um suicídio histórico".
O fatalismo de Boulos não é um delírio, mas
está ancorado numa premissa torta. O deputado tem razão quando diz que a
esquerda não deveria "se
travestir de centro", abandonar convicções, adotar ideias
prontas de outros atores do espectro eleitoral e, na prática, abandonar o campo
como alternativa política. O erro é acreditar que a pureza ideológica vai
resolver todos os problemas.
O argumento central de Boulos e de outros
políticos é que a esquerda precisa sustentar suas posições sem timidez, mesmo
em temas considerados espinhosos. A extrema direita, segundo esse raciocínio,
cresceu porque a esquerda abriu mão de "disputar visões de mundo" e
permitiu que os adversários vendessem um produto que parecia mais atraente.
Essa não é a história completa. A esquerda
também enfrenta desgastes porque foi incapaz de elaborar, dentro de suas
fronteiras ideológicas, soluções para uma sociedade em transformação. Não
conseguiu oferecer uma plataforma de segurança compatível com a proteção dos
direitos humanos nem atualizar suas políticas redistributivas após
bem-sucedidas experiências de transferência de renda, por exemplo.
O desenho de Boulos tem o mérito de
diferenciar a ação política da esquerda e as posições de uma aliança liderada
pela esquerda (hoje, por Lula).
Partidos desse campo podem preservar valores e lutar para que a coalizão aceite
incorporar a maior parte deles. Ao menos por enquanto, há uma distância entre
esse programa e o pragmatismo que guia a disputa por cargos majoritários.
Um comentário:
Situação da esquerda já tá ruim imagina com a vitória do Trump que fez barba cabelo e bigode ; presidência , Senado e Câmara de deputados para os republicanos Essa cambada aqui do STF que se cuide vão ser barrado na entrada dos Estados Unidos pra começar
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