sábado, 21 de março de 2009

Lula cai entre mais pobres

Gustavo Krieger
DEU NO ESTADO DE MINAS


Sondagem Ibope/CNI aponta que a crise teve impacto negativo na popularidade do presidente. Entre os que possuem renda familiar de até um mínimo, aprovação cai nove pontos percentuais

Brasília – As dúvidas sobre a competência do governo para enfrentar a crise econômica começaram a minar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no núcleo duro de seu eleitorado, os brasileiros mais pobres. A mais recente pesquisa do Ibope, feita por encomenda da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostrou queda em todos os indicadores de avaliação do governo. Lula continua bem-visto pela maioria dos brasileiros, mas a pesquisa mostra que a população não está mais tão confiante em sua capacidade para enfrentar os problemas da economia.

É um fato importante, porque mostra uma inversão de tendência. Na pesquisa anterior, realizada em dezembro do ano passado, a avaliação de Lula tinha melhorado, apesar da crise. Era um sinal de que a população confiava na forma como o presidente enfrentava os problemas. O quadro se inverteu. Em dezembro, 73% dos entrevistados consideravam o governo “ótimo ou bom”. Esse índice caiu nove pontos e agora é de 64%.

Outros números comprovam a tendência. A aprovação ao governo, que era de 84% em dezembro, caiu para 78%. A confiança no presidente Lula também desceu seis pontos e ficou em 74%. A explicação está na crise. Ou melhor, na forma como os brasileiros avaliam a ação do governo para enfrentá-la. Em dezembro, 62% dos entrevistados consideraram “ótima ou boa” a atuação do governo contra a crise. Na pesquisa divulgada ontem, esse contingente caiu 15 pontos e passou para 47%. Ainda é um movimento sutil. Cresceu o grupo para quem o governo vem sendo regular. A parcela dos entrevistados que condena frontalmente a ação de Lula é de 11%. Pouco, é verdade, mas mais que o dobro dos 5% encontrados em dezembro.

QUEDA MAIOR
A crise, que nasceu no mercado financeiro internacional, mostra sua face mais dura no Brasil com o corte de empregos. E atinge de frente os mais pobres, justamente a faixa do eleitorado conhecida por sua fidelidade a Lula. Os números do presidente e do governo continuam muito altos nessa faixa, mas a queda foi significativa.

A aprovação do governo caiu nove pontos percentuais entre os entrevistados com renda familiar de até um salário mínimo. Na faixa entre um e dois salários mínimos, a queda foi de oito pontos. Nas periferias das grandes cidades, a aprovação do governo caiu nove pontos percentuais. Esses movimentos foram decisivos para que a aprovação global registrasse uma baixa de seis pontos.

A pesquisa mostra que, entre o otimismo pregado por Lula e o pessimismo propagado pela oposição, os brasileiros optaram pela cautela. No fim do ano passado, 41% dos entrevistados apostavam que 2009 seria “muito bom”. Hoje, esse índice caiu para 20%. Em compensação, o grupo para quem o ano será bom subiu de 46% para 63%. Ou seja, ainda há confiança, mas num grau mais moderado. Os pessimistas radicais subiram de 7% para 12%, mas ainda são minoria. O número tem uma interpretação positiva e uma negativa para o governo. De um lado, mostra que a população ainda acredita que o país sairá da crise. De outro, mostra que ainda há muito espaço para queda no otimismo e, em consequência, na avaliação do governo.

Segundo o levantamento, em oito de nove áreas pesquisadas, aumentou a reprovação do trabalho do governo. Somente com relação à área de educação houve certa estabilidade na avaliação em comparação à pesquisa de dezembro, com oscilação dentro da margem de erro. A desaprovação ao governo subiu nas áreas de saúde, meio ambiente, impostos, taxa de juros, segurança pública, combate à inflação, combate à fome e à pobreza e combate ao desemprego. A pesquisa foi realizada de 11 a 15 deste mês e ouviu 2.002 pessoas em 144 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

AVALIAÇÃO DO GOVERNO LULA

DEZEMBRO MARÇO
Ótimo/bom 73% 64%
Regular 20% 25%
Ruim/péssimo 6% 10%

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