SÃO PAULO - Lobão, o ministro de Lula, também se chama Edison, com "i", como o genial Thomas Edison (1847-1931), o inventor da lâmpada elétrica. Terminam aí as afinidades do nosso Edison com o setor energético, do qual nada conhece. São outras, velhas e sabidas, as razões e relações que fizeram dele titular da cobiçada pasta do pré-sal.
Bacharel e político de carreira, Lobão é agregado de longa data do clã Sarney. Nem lhe falta, por ironia (e talvez hábito), a estampa de mordomo: esguio, rosto afilado, ar grave, sorumbático. Como bom criado, parece altivo, sendo submisso.
"Ninguém tutela o ministro", disse, ao tomar posse, em janeiro de 2008, diante das alegações de que a ministra Dilma Rousseff iria mandar e desmandar no seu quintal.
Gravações da PF publicadas pela Folha mostram que as palavras de Lobão valem pouco. O que sugerem os grampos? Primeiro, a subordinação canina do ministro à família Sarney; segundo, a promiscuidade intolerável entre o Estado e os interesses privados que gravitam em torno do feudo maranhense.
Fernando Sarney e o ex-ministro Silas Rondeau -ambos investigados por supostas fraudes no próprio setor elétrico- aparecem ditando compromissos para Lobão e suas secretárias, marcando reuniões para o ministro sem consultá-lo, pautando o que dizer a empresários, discutindo contratos.
Apesar das evidências escandalosas, no que depender do governo e da oposição, nada acontecerá ao ministro. A ninguém interessa molestar o mordomo, fiel a Sarney, sim, mas também um anfíbio do patrimonialismo que Lula reciclou.
Ainda senador pelo Democratas (antigo PFL), em julho de 2007, Lobão alertava para o risco de apagão no país e atacava: "Ninguém se entende em matéria de energia dentro do governo". Seis meses depois, já no PMDB, o Lobão neogovernista defendia: "Não haverá apagão. As autoridades do ministério estão tomando todas as providências".
Nosso Edison ilumina como poucos a política nacional. Ele é a prova incandescente do apagão da ética.
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