DEU EM O GLOBO
"Devo também ter cometido erros. Quero dizer, de coração mesmo, que eu já perdoei todos os que me agrediram"(Arruda)
Brasil, meu Brasil brasileiro, meu mulato inzoneiro! Saúdo a esperteza dos que o comandam e a apatia dos seus habitantes. A propósito: o que deverá acontecer com o governador José Roberto Arruda, do Distrito Federal, depois de ter sido apontado como chefe de uma organização criminosa? O mais provável é que ele cumpra seu mandato até o fim.
Que país é este onde um deputado filmado escondendo dinheiro nas meias reassume a presidência do poder Legislativo para comandar o processo de impeachment do governador, seu aliado, acusado de corrupção? É o que ocorrerá, logo mais, na Câmara Legislativa do Distrito Federal com a volta à cena do deputado Leonardo Prudente.
Está para se ver ato mais revelador do estado de apodrecimento dos costumes políticos na capital da República. Licenciado do cargo por 60 dias, Prudente antecipou seu retorno depois de ter explicado – sem sequer franzir o cenho – por que escondeu dinheiro nas meias: “Não uso pasta”. Sabe de uma coisa? Saudades de Severino Cavalcanti!
Eleito presidente da Câmara dos Deputados em fevereiro de 2005, o rei do chamado “baixo clero” renunciaria ao cargo dali a sete meses ao ser confrontado com a cópia de um cheque de R$ 10 mil que recebera como propina paga por Sebastião Buani, concessionário de restaurantes. Na Era Lula, o mensalinho de Severino foi pioneiro.
Não, não foi daquela vez que Lula se valeu da expressão “uma merreca” para designar subornos de pequeno valor. “Uma merreca” fez sua estreia no vocabulário político do País quando Lula, às voltas com o mensalão do PT em 2006, saiu em defesa do deputado Professor Luizinho (SP), beneficiado com a modesta quantia de R$ 20 mil.
Lula tentara antes equiparar o mensalão a Caixa 2 de campanha. Como se Caixa 2, por ser uma prática corrente, tivesse perdido a condição de crime sujeito a severa punição. Em dezembro último, ao falar sobre o mensalão do DEM, o Big Brother de todos os escândalos, Lula insistiu em defender bandidos: “As imagens não falam por si”.
Não, de fato não falam. Elas gritam, berram, suplicam para ser escutadas. Vocês imaginam que serão? Nada se espere da Câmara Legislativa do Distrito Federal, antecipou Durval Ferreira, ex-secretário de Relações Institucionais do governo Arruda, em conversa informal com procuradores da República. Foi ele que detonou Arruda.
Para espanto dos procuradores, Durval contou que apenas um ou dois dos 24 deputados distritais deixaram de ser aquinhoados com o mensalão do DEM e outros favores patrocinados pelo governo. Um dos que se mantiveram íntegros, citado por Durval: o deputado de primeiro mandato José Antônio Reguff (PDT).
No momento, funcionam em Brasília quatro centrais de vídeos capazes de fazer Severino corar. O dono da mais completa é Durval, que entregou 30 vídeos à Polícia Federal e guardou 50. O ex-governador Joaquim Roriz é dono de outra. A terceira é de Arruda. E a quarta dos irmãos Pedro e Márcio Passos, acusados de grilagem de terras.
Quem foi filmado sabe que foi. Quem não sabe receia ter sido. O manto pesado do medo cobre a Brasília dos poderosos. A outra Brasília serve de pano de fundo para a primeira e em boa parte depende dela. Sem dúvida, está indignada. Mas por cautela prefere manter o silêncio dos cúmplices – ou dos desencantados.
Arruda reuniu-se em separado com cada um dos 17 deputados que o apoiam na Câmara. Seu recado foi simples e direto: ou nos salvamos juntos ou afundaremos juntos. Os jornais de Brasília são parceiros de Arruda. O dono de um deles era mensaleiro. O presidente do mais importante foi citado por Durval em mais de um depoimento.
Somente a Justiça poderá estragar os planos de Arruda. Para isso terá de agir com rapidez, acatando o pedido do Ministério Público de mandar prendê-lo. Solto e no exercício do cargo, Arruda prejudica as investigações, como tem feito, e a produção de provas contra ele mesmo.
"Devo também ter cometido erros. Quero dizer, de coração mesmo, que eu já perdoei todos os que me agrediram"(Arruda)
Brasil, meu Brasil brasileiro, meu mulato inzoneiro! Saúdo a esperteza dos que o comandam e a apatia dos seus habitantes. A propósito: o que deverá acontecer com o governador José Roberto Arruda, do Distrito Federal, depois de ter sido apontado como chefe de uma organização criminosa? O mais provável é que ele cumpra seu mandato até o fim.
Que país é este onde um deputado filmado escondendo dinheiro nas meias reassume a presidência do poder Legislativo para comandar o processo de impeachment do governador, seu aliado, acusado de corrupção? É o que ocorrerá, logo mais, na Câmara Legislativa do Distrito Federal com a volta à cena do deputado Leonardo Prudente.
Está para se ver ato mais revelador do estado de apodrecimento dos costumes políticos na capital da República. Licenciado do cargo por 60 dias, Prudente antecipou seu retorno depois de ter explicado – sem sequer franzir o cenho – por que escondeu dinheiro nas meias: “Não uso pasta”. Sabe de uma coisa? Saudades de Severino Cavalcanti!
Eleito presidente da Câmara dos Deputados em fevereiro de 2005, o rei do chamado “baixo clero” renunciaria ao cargo dali a sete meses ao ser confrontado com a cópia de um cheque de R$ 10 mil que recebera como propina paga por Sebastião Buani, concessionário de restaurantes. Na Era Lula, o mensalinho de Severino foi pioneiro.
Não, não foi daquela vez que Lula se valeu da expressão “uma merreca” para designar subornos de pequeno valor. “Uma merreca” fez sua estreia no vocabulário político do País quando Lula, às voltas com o mensalão do PT em 2006, saiu em defesa do deputado Professor Luizinho (SP), beneficiado com a modesta quantia de R$ 20 mil.
Lula tentara antes equiparar o mensalão a Caixa 2 de campanha. Como se Caixa 2, por ser uma prática corrente, tivesse perdido a condição de crime sujeito a severa punição. Em dezembro último, ao falar sobre o mensalão do DEM, o Big Brother de todos os escândalos, Lula insistiu em defender bandidos: “As imagens não falam por si”.
Não, de fato não falam. Elas gritam, berram, suplicam para ser escutadas. Vocês imaginam que serão? Nada se espere da Câmara Legislativa do Distrito Federal, antecipou Durval Ferreira, ex-secretário de Relações Institucionais do governo Arruda, em conversa informal com procuradores da República. Foi ele que detonou Arruda.
Para espanto dos procuradores, Durval contou que apenas um ou dois dos 24 deputados distritais deixaram de ser aquinhoados com o mensalão do DEM e outros favores patrocinados pelo governo. Um dos que se mantiveram íntegros, citado por Durval: o deputado de primeiro mandato José Antônio Reguff (PDT).
No momento, funcionam em Brasília quatro centrais de vídeos capazes de fazer Severino corar. O dono da mais completa é Durval, que entregou 30 vídeos à Polícia Federal e guardou 50. O ex-governador Joaquim Roriz é dono de outra. A terceira é de Arruda. E a quarta dos irmãos Pedro e Márcio Passos, acusados de grilagem de terras.
Quem foi filmado sabe que foi. Quem não sabe receia ter sido. O manto pesado do medo cobre a Brasília dos poderosos. A outra Brasília serve de pano de fundo para a primeira e em boa parte depende dela. Sem dúvida, está indignada. Mas por cautela prefere manter o silêncio dos cúmplices – ou dos desencantados.
Arruda reuniu-se em separado com cada um dos 17 deputados que o apoiam na Câmara. Seu recado foi simples e direto: ou nos salvamos juntos ou afundaremos juntos. Os jornais de Brasília são parceiros de Arruda. O dono de um deles era mensaleiro. O presidente do mais importante foi citado por Durval em mais de um depoimento.
Somente a Justiça poderá estragar os planos de Arruda. Para isso terá de agir com rapidez, acatando o pedido do Ministério Público de mandar prendê-lo. Solto e no exercício do cargo, Arruda prejudica as investigações, como tem feito, e a produção de provas contra ele mesmo.
Um comentário:
Quero saber das explicações do deputado do PPS Augusto Carvalho e do próprio PPS quanto à situação de seu deputado, pois o partido integrou o governo de um ex-senador que renunciara ao mandato por violação do painel do senado. Por uma questão de princípio, não podemos aceitar nos amigos ou companheiros aquilo que condenamos nos outros. Da posição que o PPS venha a tomar em relação ao seu deputado nesse episófio dependerá meu respeito pela sigla.
Paulo Bezerra
Rio de Janeiro
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