Disputa pela liderança da bancada progressista atinge o ministro das Cidades.
Disputa interna consome o PP
Fábio Schaffner
Denúncias de compra de apoio pela liderança da bancada opõem alas do partido e ameaçam criar nova crise no governo Dilma
Brasília - Dono da terceira maior bancada da base governista, o PP está dividido em uma disputa interna pelo controle do partido. Movida a sabotagem, traições e denúncias de corrupção, a briga atinge o único ministro da sigla, Mario Negromonte (Cidades).
Neste final de semana, a revista Veja publicou reportagem apontando a suposta existência de um esquema de compra de apoio dentro da sigla. Segundo a revista, deputados do PP teriam sido chamados por Negromonte para retirar suas assinaturas do requerimento que destituiu Nelson Meurer (PR) do comando da bancada na Câmara. Em troca, receberiam uma mesada de R$ 30 mil. O ministro negou as acusações e cobrou a apresentação de provas.
A oferta de um mensalinho teria sido informada à Veja por três parlamentares, cujos nomes a revista não cita. A proposta de propina teria partido de um grupo de deputados leais a Negromonte, entre eles José Otávio Germano (RS) e João Pizzolatti (SC). Procurado por ZH, Pizzolatti pediu que uma nova ligação fosse feita em 10 minutos. Depois disso, não atendeu mais os pedidos de entrevista, alegando estar em reunião. Já José Otávio nega ter participado de qualquer reunião com outros parlamentares.
– Não existiu reunião nenhuma, nem oferta de dinheiro. É um absurdo submeter o ministro a esse tipo de coisa por causa de uma briga interna – diz o gaúcho.
A briga no PP ganhou visibilidade há 12 dias, quando uma ala do partido reuniu 21 assinaturas na bancada – metade mais um dos deputados – e destituiu o líder Nelson Meurer (PR) e o vice-líder, José Otávio. No lugar deles assumiram, respectivamente, Aguinaldo Ribeiro (PB) e Jerônimo Göergen (RS), integrantes da chamada jovem guarda e apoiados pelo ex-ministro das Cidades Márcio Fortes e pelo ex-governador Espiridião Amin (SC).
No PP, Negromonte era o líder até o final da legislatura passada, quando foi indicado pela sigla ao ministério – a despeito das resistências do Planalto. O grupo do ministro manteve a hegemonia com Meurer e José Otávio. Em 2012, o gaúcho assumiria a liderança.
Há duas semanas, eles foram surpreendidos com o motim da jovem guarda. A bancada gaúcha se dividiu. Com Göergen, estão Luis Carlos Heinze e Renatto Molling. Vilson Covatti e Afonso Hamm integram o grupo de José Otávio. A reação não tardou. Parlamentares ouvidos por ZH disseram desconhecer a oferta de propina, mas admitem que o assédio foi enorme.
– Não ouvi falar sobre dinheiro, mas havia muita pressão – conta Amin.
Grupo de Negromonte tenta recuperar liderança da bancada
Um movimento capitaneado pelo ministro tentou colher adesões para conduzir José Otávio à liderança da bancada. Não deu certo. Conseguiram apenas 14 assinaturas, enquanto o grupo de Ribeiro aumentou para 29 o número de apoiadores.
Agora, o grupo do ministro ameaça trazer de volta à Câmara os deputados licenciados, afastando os suplentes da trincheira adversária. O objetivo é reconduzir Meurer à liderança ou convocar uma eleição direta para o cargo.
No final de semana, Ribeiro e Göergen se reuniram em Brasília para discutir os rumos da bancada. Uma nova reunião foi marcada para amanhã.
– Não queremos mais ver o partido nas páginas policiais. Temos uma péssima imagem – afirma Göergen.
FONTE: ZERO HORA (RS)
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