Ricardo Della Coletta - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Numa Câmara pulverizada em 28 partidos, as 10 siglas “nanicas” tentam formar um bloco parlamentar para ter peso na eleição para a presidência da Casa no próximo biênio - uma disputa que pode colocar em rota de colisão as duas maiores legendas da base de apoio da presidente Dilma Rousseff.
Peemedebista e petistas ouvidos pelo Broadcast Político, serviço no notícias em tempo real da Agência Estado, afirmaram que, se formalizada, a nova força política será cobiçada pelos candidatos que, nos bastidores, tentam viabilizar seus nomes.
Juntos, PHS, PTN, PRP, PMN, PEN, PSDC, PTC, PT do B, PSL e PRTB elegeram 24 deputados. O PHS, fundado em 1997, teve o melhor resultado e conquistou cinco cadeiras.
“As conversas estão bem adiantadas e é uma questão de sobrevivência para os pequenos partidos”, avalia o deputado Luis Tibé, líder do PT do B. “Se o bloco não se concretizar será horrível para nós.”
O líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), foi lançado na semana passada pela bancada peemedebista candidato ao comando da Câmara. O PT, que fez a maior bancada neste ano e elegeu 77 deputados, também articula lançar um nome, o que deve romper um acordo de revezamento entre os dois partidos que foi iniciado em 2006.
Desafeto do governo por ter liderado rebeliões na Câmara neste ano, Cunha tenta se colocar como candidato “do tapete”, que tenta construir alianças de baixo para cima. Já contando com a oposição do Planalto, conquistar o apoio “no varejo” dos nanicos ganhou importância na sua estratégia para ser eleito.
“Na composição do novo Congresso Nacional vai ser fundamental a capacidade de aglutinar”, avalia do deputado Leonardo Picciani (RJ), aliado próximo a Cunha. “É fundamental ter esse diálogo para que eles se somem à candidatura do Eduardo.”
Cunha tem tentado se cacifar como uma alternativa capaz de valorizar a Câmara e prestigiar os deputados, discurso que deve fazer parte das negociações para atrair os nanicos. “Não adianta ter força na eleição e depois não ser prestigiado”, diz Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), outro articulador próximo ao líder peemedebista. “Se o PT não dá importância a um partido do tamanho do PMDB, imagine que importância dará aos demais partidos”, conclui.
Um dos cotados a sair candidato pelo PT, o vice-presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (SP), concorda que os “nanicos” terão peso, mas pondera que ainda é preciso avaliar o grau de unidade que eles conseguirão formar entre si.
Reforma política. Montar um bloco que dê força política aos dez menores partidos da Câmara também tem por objetivo formar um grupo que atue contra propostas de uma reforma política que possa criar barreiras para que as pequenas legendas tenham representação na Casa.
Um dos pontos que os partidos nanicos não querem ver aprovados, por exemplo, é a cláusula de barreira, mecanismo pelo qual um partido que não alcançar determinado porcentual de votos não chega ao Parlamento. “É preciso discutir, mas sem barrar a existência dos pequenos partidos”, avalia o líder do PT do B.
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