sexta-feira, 10 de abril de 2015

Bernardo Mello Franco - A vaquinha de Jefferson

Folha de S. Paulo

Autor da denúncia do mensalão, o ex-deputado Roberto Jefferson, 61, recorrerá ao Supremo Tribunal Federal na próxima segunda-feira para deixar a cadeia e cumprir o resto da pena em casa.

Ele pagou ontem a multa imposta pela corte ao condená-lo a sete anos e 14 dias por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O depósito de R$ 840.862,54 era exigido para pedir a progressão ao regime aberto.

Uma foto do recibo chegou aos celulares de quem participou da vaquinha. "Acabo de pagar a multa. Agradeço aos amigos a força que me deram", escreveu Jefferson. A quantia foi quitada em dinheiro em uma agência do Banco do Brasil.

Na lista de doadores, estão políticos como o deputado Benito Gama e o ex-senador Sérgio Zambiasi. Jefferson mantém contatos com todos eles, em articulação discreta para acelerar a fusão do PTB com o DEM.

O ex-deputado tem pressa para deixar a cadeia. Está de casamento marcado com a enfermeira Ana Lúcia Novaes, 46. Os dois já vivem juntos há 13 anos e vão formalizar a união no fim de maio com festa em Três Rios, no interior fluminense.

"A Ana esteve ao meu lado na CPI, na cassação, no julgamento e na luta contra o câncer. Deus reserva a poucos homens uma mulher como ela", derrama-se o ex-deputado. "E eu devia uma satisfação à família dela..."

Segundo Jefferson, a cerimônia será "coisa simples", e os convidados não passarão de 200. Ele encomendou o terno ao alfaiate brasiliense Severo Silva, que faz suas roupas desde que chegou ao Congresso. A noiva teve mais trabalho: visitou lojas no Rio e em São Paulo atrás do vestido.

Enquanto a liberdade não sai, Jefferson dá expediente em um escritório de advocacia no Rio e volta à noite para a prisão. Ontem ele se divertiu com os ratos na CPI e reprovou o depoimento do tesoureiro petista João Vaccari. "Eu preferia o Delúbio, mesmo cheio de Lexotan. Ele era mais autêntico...", comentou, antes de soltar sua conhecida gargalhada.

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