segunda-feira, 16 de março de 2020

Eliane Cantanhêde - Brincadeira de vida ou morte.

- O Estado de S. Paulo

Há tempos o Brasil não assiste, à luz do sol, a uma irresponsabilidade como a do presidente da República, que jogou para o alto as recomendações de saúde e se encontrou com manifestantes em frente ao Planalto. Em nova versão da “fantasia”, Jair Bolsonaro passou para a população a mensagem de danem-se o Ministério da Saúde, os especialistas, os médicos!

Entre o correto e o conveniente politicamente, Bolsonaro optou pela conveniência política, o que se torna ainda mais irresponsável quando a epidemia está só começando no País e, ao lado dele, estava o diretor substituto da própria Anvisa. Chocante.

Paulo Guedes defende reformas, mas Bolsonaro senta em cima das propostas e publica fotos justamente com faixas de “Fora Maia” nas manifestações. E o ministro Luiz Henrique Mandetta tenta evitar mortes e contaminação e adverte que em pessoas acima de 60 anos a covid-19 é mais letal e todos que tiveram contato com contaminados devem se preservar – e preservar os outros –, mas o que faz Bolsonaro? Vai à rua, toca pessoas e seus celulares.

É contra a ciência, os deveres do cargo, os direitos dos cidadãos. E danem-se as pessoas que, ingenuamente, foram colocadas em risco por quem ainda é sujeito a um segundo teste e tem recomendação de isolamento, depois de dias ao lado de contaminados. Mas Bolsonaro não foi o único irresponsável.

Nas manifestações do “Fora Maia”, “Fora STF” e “SOS Forças Armadas”, tudo foi grave: o ataque às instituições, o uso do nome das FFAA em vão e o risco em que aquelas pessoas se colocavam e colocarão as outras, todas as outras. Não viram China, Itália, EUA? Acreditam na versão de Bolsonaro de que tudo era fantasia? Não é fantasia. É um pesadelo, questão de vida ou morte.

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