Protestos contra Bolsonaro foram registrados também no DF e no exterior; apesar do uso generalizado de máscaras, houve aglomerações
O Estado de S. Paulo
Dezenas de milhares de pessoas participaram
de manifestações contra o governo em ao menos 24 Estados, no Distrito
Federal e no exterior. Organizados por
movimentos sociais, centrais sindicais e partidos de oposição, os atos pediram
impeachment de Jair Bolsonaro, retomada do auxílio de R$ 600 e vacinação em
massa contra covid.
Dezenas de milhares de pessoas voltaram às
ruas, ontem, em manifestações críticas ao governo federal realizadas em ao
menos 24 Estados e no Distrito Federal, segundo registros nas redes sociais.
Organizados por movimentos sociais, centrais sindicais e partidos políticos de
oposição, os atos pediram o impeachment do presidente Jair Bolsonaro, a
retomada do auxílio emergencial de R$ 600 e a vacinação em massa contra o novo
coronavírus.
Segundo os organizadores, ocorreram atos em
cerca de 400 cidades no Brasil e em outros 17 países – o que mostra maior
adesão ao movimento que, em 29 de maio, atingiu aproximadamente 200 municípios.
Não há dados oficiais que confirmem todos os locais nem o total de
participantes, mas os organizadores informaram ter reunido 750 mil pessoas.
No início da tarde, o País bateu a marca de 500 mil mortes por covid-19, dominando os discursos. Foram registradas aglomerações em vários protestos.
Em São Paulo, milhares fecharam a Avenida
Paulista, ocupando pelo menos oito quarteirões da via, enquanto tentavam
atender às recomendações para manter o distanciamento. O vão livre do Museu de
Arte de São Paulo foi protegido por gradis, o que provocou aglomerações ao
redor do carro de som estacionado em frente.
“Sabemos do risco da pandemia, mas nós
tomamos todo o cuidado do mundo, hoje eu vim com duas máscaras, e fazemos isso
porque temos de sacudir o Brasil”, discursou o deputado federal Orlando Silva
(PCdoBSP). O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) também falou aos manifestantes.
Lamentou as mortes e alertou para a possibilidade do descontrole da pandemia
continuar. “Só um impeachment vai salvar a democracia.”
Segundo colocado na disputa pela Prefeitura
de São Paulo ano passado, Guilherme Boulos (PSOL) disse que a manifestação
ocorria “em homenagem e em solidariedade” aos 500 mil mortos e que o País “não
vai esperar sentado até 2022”.
No início da noite, os manifestantes
iniciaram uma passeata em direção à Praça Roosevelt. No caminho, a Polícia
Militar teve de dispersar um grupo isolado que ateou fogo a sacos de lixo
tentando interromper o tráfego, na rua da Consolação, no sentido da Paulista.
Próximo da rua da Maceió, mais um tumulto foi interrompido pela PM, que usou
bombas de efeito moral para conter vândalos que atacavam uma agência bancária.
Capitais. No Rio, milhares de manifestantes
percorreram a Av. Presidente Vargas, no centro, até a Igreja da Candelária,
com faixas pedindo vacina e impeachment. O
ato teve a presença do cantor Chico Buarque e do pastor Henrique Vieira, da
Igreja Batista do Caminho, que lidera um movimento de evangélicos contra
Bolsonaro.
Palco de tumultos em que dois homens foram
atingidos por disparos de balas de borracha da PM, no ato do dia 29, Recife
teve protestos mais tranquilos ontem e menores, por causa da chuva. Em Belo
Horizonte, o protesto ganhou força. As ruas ficaram mais cheias, e o ato durou
toda a tarde, acompanhado de uma carreata.
Em Salvador, centrais sindicais
e movimentos estudantis formaram a linha de
frente do ato, que tomou o centro para cobrar “vacina, comida e emprego”. Mesmo
com forte chuva, manifestantes estiveram na Praça Santos Andrade, em Curitiba,
para criticar e pedir a saída do presidente da República.
Atos foram registrados também no exterior, como em Berlim, Londres e Lisboa.
AMANDA PUPO, JULIA AFFONSO, LUCI RIBEIRO,
MARCELO DE MORAES, BRUNO VILLAS BÔAS e TULIO KRUSE; ALINE RESKALLA, TAILANE
MUNIZ, PEDRO JORDÃO e JULIO CESAR LIMA, ESPECIAIS PARA O ESTADÃO
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